A importação de aço chinês tem ocupado o topo da agenda da indústria do aço brasileira desde meados de 2023. Com acusações de dumping contra o produto vindo de fora, as companhias locais vêm em campanha para que o governo federal eleve as tarifas de importação, atualmente em 12%.

Representantes da indústria negociam uma reunião para tratar do tema, segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo. Se conseguirem convencer o governo, as companhias podem ganhar um forte impulso em seus balanços, em especial a Usiminas, diante sua forte exposição ao mercado local.

O cálculo é do Itaú BBA, ao avaliar que o aumento das tarifas de importação resultará em mudanças estruturais para a indústria doméstica de aço, permitindo um reajuste de preços.

“Um potencial aumento nas tarifas de importação de aço é bastante positivo para as três siderúrgicas brasileiras que cobrimos (Usiminas, Gerdau e CSN), uma vez que aumentará o equilíbrio estrutural da paridade de importação em relação aos preços internacionais”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares.

Com alta exposição ao mercado doméstico de aço plano, que deve representar quase 60% do Ebitda estimado para 2024, a Usiminas pode ter fortes ganhos caso o custo de importação aumente.

Uma simulação feita pelos analistas mostra que caso a Usiminas eleve em 10% os preços praticados no mercado doméstico, o Ebitda por tonelada subiria em R$ 538 por tonelada, gerando um ganho no Ebitda anualizado de R$ 1,9 bilhão. O Itaú BBA estima que a Usiminas teve uma perda de R$ 248 por tonelada no quarto trimestre em função da concorrência global.

Para a Gerdau, os analistas estimam um aumento de R$ 2,2 bilhões do Ebitda, um ganho de 20% em relação à previsão que eles têm para 2024, enquanto o Ebitda da CSN teria um impulso de R$ 1,6 bilhão, cerca de 13% em relação ao que esperam para este ano.

Os menores ganhos em relação à Usiminas se deve ao fato de a Gerdau ter uma ampla diversificação geográfica, com operações na América do Norte e do Sul, e da CSN ter uma alta exposição ao segmento de mineração.

Apesar de ser uma possibilidade favorável à indústria do aço, os analistas do Itaú BBA afirmam que o aumento das tarifas deve sofrer oposição de outros segmentos, caso da construção, setor automotivo e a indústria de bens da linha branca.

“Além disso, as implicações políticas para os parceiros comerciais do Brasil também devem ser levadas em consideração”, diz trecho do relatório.

Por volta das 12h26, as ações preferenciais classe A da Usiminas subiam 1,17%, a R$ 8,62. No ano, eles acumulam queda de 7,2%, levando o valor de mercado a R$ 10,3 bilhões.

Correção: o título dessa reportagem estava incorreto e foi corrigido.