O resultado financeiro do Nubank no segundo trimestre, em que registrou um lucro líquido de US$ 637 milhões, 5% acima do consenso de analistas da Bloomberg, marcou também uma mudança da visão do mercado do Itaú BBA e do BTG Pactual, que deram upgrade para a ação do banco digital fundado por David Vélez.
O Itaú BBA, que havia rebaixado o Nubank nove meses atrás, mudou de ideia e passou o papel para outperform. O BTG Pactual, pela primeira vez desde o IPO do banco digital, em 2021, passou a recomendar a compra.
“Já vínhamos ‘flertando’ com esse upgrade há alguns meses. Em março, por exemplo, encerramos nossa recomendação long do Inter versus short do Nubank dentro do espaço dos bancos digitais após a queda das ações do Nubank depois dos resultados do quatro trimestre de 2024”, informa o relatório do BTG Pactual, assinado pelos analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura.
O preço-alvo da ação para os próximos 12 meses indicado pelo BTG é de US$ 18, valor 35% acima da cotação atual em Nova York, na casa de US$ 13,33 às 11h15 (horário local) desta terça-feira, 19 de agosto.
O Itaú também enxerga esse mesmo preço para o papel do Nubak. Em relatório assinado por Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, o banco enxerga uma fase de expansão nos cartões de crédito no Brasil, que vai ajudar a sustentar o crescimento, junto com o amadurecimento do mercado de crédito consignado e de renda alta.
“Após um período de cautela, estamos elevando a recomendação do Nubank para outperform novamente, com um novo valor justo de US$ 18/ação para o fim de 2026. Nossas preocupações iniciais em relação à lucratividade dos cartões e ao ciclo de crédito local diminuíram. A dinâmica macroeconômica das famílias está se mostrando melhor do que o esperado, enquanto a empresa demonstrou resiliência e capacidade de adaptação”, informa o relatório.
“Com melhores projeções para NII (renda líquida de juros) e menor custo de risco, estamos revisando para cima nossas estimativas de lucro para 20% em 2025 e 21% em 2026. Nossa visão atualizada reflete esses ajustes positivos, expressando otimismo quanto à lucratividade e às perspectivas de longo prazo”, completam os analistas do Itaú.
Na visão do do BTG, a principal divergência apontada em relação aos que já demonstravam otimismo sobre o Nubank em 2023 e 2024 dizia ao mercado endereçável total dos principais produtos da fintech, como cartão de crédito, crédito pessoal sem garantia e financiamento via Pix.
“Dado o aumento exponencial da penetração do Pix financiamento, nossa impressão era de que a maioria dos investidores estava simplesmente “arrastando a planilha do Excel para frente” e projetando uma melhora contínua (quase linear) no NIM [margem de lucro líquida] por vários anos”, diz o banco, no documento.
A preocupação dos analistas era que dado o fato que cartões de crédito e pix financiamento desaceleravam, se o Nubank reduzisse a originação de crédito pessoal sem garantia, os resultados gerais iriam recuar de forma relevante.
Mas, na prática, esse resultado não se confirmou. Com isso, os especialistas do BTG passaram a enxergar 2025 como um ano de transição para o banco digital.
O Itaú BBA também tinha preocupações e uma visão cautelosa sobre o papel do Nubank. “O primeiro estava relacionado aos desafios com a lucratividade dos cartões de crédito. O segundo aspecto da nossa visão negativa era que o Nu estava acelerando crédito para clientes de baixa renda justamente antes de um ciclo macroeconômico adverso, forçando uma interrupção súbita”, explica. Essa tendência também foi revertida.
Nesse sentido, a perspectiva é de um cenário ainda mais positivo no próximo ano. “Olhando adiante, 2026 também deve se beneficiar de maiores repasses do governo (Bolsa Família), programas sociais de ano eleitoral, bem como da provável isenção do imposto de renda para pessoas físicas que recebem até R$ 5 mil por mês”, diz o BTG, que também aponta o ganho de tração no México como outra alavanca de crescimento.
“O Nubank está entrando mais fundo no bolso dos clientes ao aumentar os limites de crédito. Olhando para 2026, nossos economistas esperam juros mais baixos, inflação menor e um leve aumento do desemprego. Também poderemos ver um reforço de renda para a população de média e baixa renda se as propostas de isenção de imposto de renda forem implementadas”, completa o Itaú, na mesma linha do BTG.
No acumulado de 2025, as ações do Nubank registram valorização de 28,8% na Bolsa de Nova York. A companhia está avaliada em US$ 64 bilhões.