O tempo está fechado para a Burberry, gigante britânica de luxo conhecida por seu famoso padrão xadrez. Os papéis da empresa de 168 anos de história fecharam em queda de 16% na bolsa de Londres na segunda-feira, 15 de julho.
As fortes perdas ocorreram após a companhia reportar recuo de 21% nas vendas do primeiro trimestre, com receita de € 458 milhões. Na Europa, Oriente Médio, Índia e África, o consumo da marca recuou 16%, enquanto na Ásia e nas Américas a marca perdeu 23% em vendas.
Os números mostram o momento difícil vivido pela companhia, que viu seu lucro recuar 40% apenas em 2023, totalizando € 418 milhões.
"Nosso desempenho no primeiro trimestre do ano fiscal é decepcionante. Agimos rapidamente com nossa transição criativa em um mercado de luxo que está se mostrando mais desafiador do que o esperado", afirmou Gerry Murphy, presidente da Burberry, no relatório do balanço trimestral.
"Porém, as fraquezas que destacamos ao entrar no ano fiscal de 2025 se aprofundaram e, se a tendência atual persistir, esperamos reportar um prejuízo operacional na primeira metade do ano”, complementou.
Como resultado dos dados fracos, a companhia optou por suspender o pagamento de dividendos referentes a este ano, citando o corte como uma “economia de custos”. É nítido que a novidade não agradou o mercado.
Para completar o dia movimentado, a marca ainda anunciou uma troca de cadeiras, na qual chega Joshua Schulman, ex-presidente da Michael Kors, Coach e Jimmy Choo, para ocupar o posto de CEO. Com isso, o veterano Jonathan Akeroyd, conhecido também por seu trabalho na Versace e da Alexander McQueen, deixa o cargo após dois anos.
“Estamos tomando ações decisivas para reequilibrar nossa oferta, tornando-a mais familiar aos clientes principais da Burberry ao mesmo tempo que introduzimos novidades relevantes”, diz Murphy. “Esperamos que as medidas que estamos adotando comecem a gerar melhorias no segundo semestre e fortaleçam nossa posição competitiva, sustentando o crescimento de longo prazo."
Quando fala em “medidas”, o executivo ressalta as recentes tentativas da marca de se tornar mais “exclusiva”.
Apesar de ser voltada para o mercado de luxo e captar clientes do segmento de alto padrão, a Burberry costuma ser mais barata e atrair o público mais jovem, se distanciando das concorrentes mais seletivas.
No último ano, a companhia tentou mudar esse padrão trocando seu diretor criativo, movimento que ainda não trouxe resultados consistentes.
Efeito cascata
Como a Burberry foi a primeira do segmento a divulgar seus dados do trimestre, outras grifes de luxo sofreram "por tabela" na bolsa de valores com uma maré de pessimismo do mercado.
Assim, as ações da Prada fecharam o dia em queda de 3,9%, enquanto as ações da Salvatore Ferragamo, Kering e Christian Dior, perderam 6,7%, 5,2% e 1,7%, respectivamente. Os ativos do grupo LVMH também recuaram 2,6% neste pregão.