O ano não tem sido nada fácil para o Softbank, que vêm sofrendo com a derrocada de seus investimentos em startups e empresas de tecnologia. E a situação tem sido bem dura para o CEO e fundador da empresa, Masayoshi Son, conhecido no mercado como Masa.

Além de enfrentar questionamentos dos acionistas, o executivo de 65 anos está sentido no bolso os efeitos da crise, tendo uma dívida de US$ 5 bilhões para pagar à companhia, segundo cálculo feito pelo jornal britânico Financial Times a partir da análise de recentes documentos regulatórios. 

Son contraiu a dívida depois que o Softbank emprestou dinheiro para ele investir em fundos relacionados a empresas de tecnologia da casa. E as perdas apuradas nos diversos investimentos do conglomerado adicionaram bilhões de dólares a mais na conta do executivo. 

De acordo com a reportagem do Financial Times, Son tem uma dívida de US$ 2,8 bilhões por conta de sua participação no segundo Vision Fund. Ele também deve US$ 669 milhões por investimentos feitos no fundo para a América Latina. 

O montante total alcança US$ 5 bilhões quando se considera as perdas apuradas com um fundo de hedge que o Softbank detinha, o SB Northstar. 

Ao contrário do primeiro Vison Fund, que assegurou dezenas de bilhões de dólares de fundos soberanos do Oriente Médio, o segundo fundo de tecnologia do Softbank não possui recursos de fora. Os únicos investidores são o Softbank e Son. 

O fundo registrou, inclusive, um prejuízo de US$ 100 milhões por conta do colapso da corretora de criptomoedas americana FTX, na semana passada. 

Para alívio de Son, os empréstimos não precisam ser pagos no curto prazo. Mas a situação vivida pelo Softbank representa um baque em sua imagem de descobridor de unicórnios, que começou a ser construída em 2000.

Naquele ano, Son investiu na Alibaba, quando a empresa fundada pelo chinês Jack Ma estava dando os primeiros passos. O investimento que ele fez à época, de US$ 200 milhões, se transformou numa participação de US$ 60 bilhões quando a companhia abriu o capital, em 2014. 

Agora, diante dos prejuízos e colapso de algumas das investidas, Son enfrenta a desconfiança de seus acionistas, que questionam a capacidade dele de conduzir a companhia neste momento de turbulência. 

Na semana passada, ele anunciou que deixaria o comando das operações do grupo para se dedicar ao comando da fabricante de microprocessadores britânica Arm, investida pelo Softbank, que registrou um prejuízo trimestral de US$ 10 bilhões.

A saída dele ocorre depois de o Softbank anunciar um lucro de US$ 21 bilhões, impulsionado pela venda de uma fatia no Alibaba. Mas os dois Vision Funds continuaram no vermelho, totalizando US$ 9,8 bilhões em perdas.

O Alibaba não foi o único ativo que o Softbank teve de vender nos últimos tempos. Em setembro, a gestora vendeu também sua participação de 15% na Kahoot, startup norueguesa que opera uma plataforma de desenvolvimento de jogos educativos, por US$ 152 milhões à General Atlantic. Antes, havia investido ao menos US$ 215 milhões na empresa.

Nem a Uber a foi poupada. O Softbank vendeu o restante de sua participação na empresa dona de aplicativos de mobilidade e delivery em agosto, mesmo após ela registrar fluxo de caixa positivo pela primeira vez em sua história.

Alguns dos investimentos não foram desfeitos, mas passaram por ajustes. É o caso da Oyo, rede indiana de hotéis de baixo custo. Em 2019, ela chegou a ser avaliada em US$ 10 bilhões. Agora, o Softbank avalia a companhia em US$ 2,7 bilhões.