Depois de quase atrofiar por conta da pandemia, que forçou o fechamento das academias, a Smart Fit conseguiu se recuperar e agora está em boa forma, a tal ponto de o BTG Pactual ver a empresa com bom condicionamento operacional e financeiro para expandir pela América Latina, diante das boas perspectivas de crescimento do mercado fitness.
Considerando os recentes resultados, que vieram acima do esperado, e vendo boas perspectivas de curto prazo, os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima decidiram elevar o preço-alvo das ações da rede de academias de R$ 25 para R$ 28, valor que indica um upside de 34,5%. A recomendação foi reiterada em compra.
“A Smart Fit está muito bem posicionada para crescer seu market share na América Latina através de sua larga escala na região, com 1,2 mil academias, 327 mil inscritos em serviços online e 3,9 milhões de usuários em 14 países até junho”, diz trecho do relatório.
Esta dominância deve ajudar a companhia a aproveitar a retomada do consumo de serviços que ocorre pelo mundo, mesmo que o setor de academias esteja congestionado. No Brasil, a Smart Fit começou o ano vendo a base de clientes que vai à academia perto de 90% do patamar visto antes da pandemia, sendo que o número vem subindo a cada trimestre.
O resultado foi um forte aumento da margem Ebitda da Smart Fit, que passou de 4% ao final de 2021 para 33% no segundo trimestre deste ano.
“Com a base de clientes sendo constantemente renovada a preços atualizados, chegando aos níveis pré-pandemia, a Smartfit deve retornar a margem Ebitda das academias maduras de maneira consistente a um patamar entre 40% e 50%”, diz trecho do relatório.
Este cenário contrasta ao que foi visto entre 2021 e 2022, quando as operações se recuperaram de forma desequilibrada nos dois principais mercados da Smart Fit. Enquanto no México o desempenho era positivo, no Brasil ele foi prejudicado pela inflação, que pesou sobre a lucratividade.
E a Smart Fit tem espaço para crescer. Citando o estudo Panorama Setorial Fitness Brazil de 2022, produzido pela plataforma Fitness Brazil, os analistas do BTG Pactual afirmam que, embora o País tenha o segundo maior número de academias no mundo, com cerca de 29 mil, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 41 mil, o número médio de inscritos por unidade é muito baixo – 350 contra 1,5 mil nos Estados Unidos. Do total da população, apenas 4,9% está inscrita em alguma academia.
Além do potencial impulso que ganha com um mercado em expansão, os analistas destacam que as units economics das academias da Smart Fit estão em bons patamares, com medidas tomadas para otimizar custos e melhorar a alavancagem financeira levando a um aumento da rentabilidade.
A conjunção desses fatores deve fazer com que o lucro por ação apresente uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de 35% entre 2023 e 2026. No mesmo período, a receita líquida deve apresentar uma expansão de 24%.
Para os analistas do BTG Pactual, este cenário ajuda a compensar o valuation elevado dos papéis da Smart Fit, que apresentam um P/E de 19 vezes para 2024, os riscos com canibalização entre as academias da rede e a perspectiva de aumento da competição com a Bluefit, que conta agora com o Mubadala como controlador.
Por volta das 15h15, as ações da Smart Fit subiam 1,78%, a R$ 21,19. No acumulado do ano, elas registram alta de 56%, levando o valor de mercado a R$ 12,2 bilhões.