A novela envolvendo o futuro da Peloton ganhou mais um capítulo. A empresa americana que fabrica equipamentos de ginástica e musculação chegou a ter uma valorização de mais de 31% ao longo do dia em suas ações negociadas na Nasdaq nesta segunda-feira, 7 de fevereiro, na véspera da divulgação dos resultados do último trimestre de 2021. O motivo é uma possível venda da companhia para a Apple.
Para analistas de negócios como Dan Ives, da Wedbush Securities, a alta nas ações está relacionada à possibilidade de que a companhia seja vendida para alguma gigante em um futuro próximo. Entre as postulantes, além da fabricante do iPhone, a Nike também estaria no páreo.
Ao Business Insider, Ives afirmou que a aquisição seria um movimento interessante da Apple, principalmente porque, mesmo desvalorizada, a compra da Peloton ainda representaria a maior aquisição já realizada pela Apple superando a compra da Beats, de fones de ouvido e alto-falantes, por US$ 3 bilhões, em 2014.
Não é a primeira vez que a Peloton é listada como uma futura aquisição da empresa da maçã. Scott Galloway, professor da Stern School of Business e um dos gurus do Vale do Silício, afirmou ainda em 2020 que esperava que a startup fosse vendida para a Apple no ano seguinte.
Na época em que Galloway fez a previsão, a Peloton valia US$ 44,9 bilhões e o valor total do negócio poderia ser de US$ 50 bilhões, considerando o prêmio de 20% aos acionistas. Desde então, os papéis da Peloton despecaram 85% desde o pico de janeiro de 2021.
Hoje, a companhia é avaliada em quase US$ 10 bilhões – mesmo com a valorização das ações desta segunda-feira. Com um prêmio, o valor do negócio poderia saltar para algo entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões.
Independentemente do valor que poderá ser pago na transação, o que entra em jogo seria o esforço da Apple para avançar em seu braço de tecnologias voltadas para áreas de saúde e fitness.
Em um exercício de suposição, seria possível imaginar que a aquisição da Peloton serviria, no mínimo, para turbinar a base de assinantes do Fitness+, o serviço de assinatura da Apple voltado para o gerenciamento de treinos e monitoramento de condições físicas.
Também seria possível imaginar uma integração dos produtos fabricados pela Apple, principalmente o Apple Watch, com os da Peloton, como as bicicletas ergométricas inteligentes. Isso poderia resultar num aumento de receita nesta divisão, fortalecendo a estratégia da empresa de se tornar cada vez mais diversificada.
Do lado da Peloton, a venda da operação poderia ser uma saída de emergência para os acionistas. Mesmo com crescimento de 6% na receita no trimestre que terminou no fim de setembro de 2021 ante o mesmo período do ano fiscal anterior, a Peloton vem enfrentando dificuldades para fechar as contas.
A empresa teve prejuízo de US$ 359,7 milhões no período, contra uma perda de US$ 68,9 milhões no mesmo trimestre de 2020. A Peloton vai divulgar seu próximo balanço nesta terça-feira, 8 de fevereiro.
Entre janeiro de 2020 e o mesmo mês do ano passado, a Peloton observou uma alta de suas ações que fez com que a companhia chegasse, num determinado momento a quintuplicar o valor que havia registrado quando abriu capital na Nasdaq, valendo mais de US$ 47 bilhões.
Com o avanço das campanhas de vacinação e o relaxamento do isolamento social, o que resultou na reabertura de espaços públicos e de academias, as ações murcharam ao longo do ano. Parecia previsível. Tanto que os próprios executivos da companhia chegaram a vender parte de suas participações no mercado.
Segundo a SmartInsider (empresa especializada na análise de transações de ações feitas por funcionários seniores de companhias abertas, com base em registros da Securities and Exchange Comission), os executivos e insiders da companhia venderam US$ 496 milhões em ações do negócio somente em 2021.
Como forma de enxugar custos, a Peloton informou durante o mês de janeiro que iria paralisar a produção das bicicletas ergométricas até o fim de março. Não chega ser uma atitude surpreendente.
A produção do modelo mais caro das bicicletas já havia sido interrompida em dezembro e só tem previsão para ser retomada em junho deste ano.
Além das bicicletas, o modelo de entrada das esteiras também teve a produção interrompida por seis semanas a partir do início deste mês. Já a Tread+, esteira mais robusta da companhia, não deve ser produzida durante o ano fiscal de 2022.