Depois de adquirir a Witseed e entrar na área de educação corporativa, o grupo Exame está dando um novo passo para reforçar o seu braço educacional.

Nesta segunda-feira, 24 de julho, o grupo Exame está anunciando a aquisição da IPD Digital e criando a Faculdade Exame, que terá cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de ESG, Tecnologia e Negócios em Expansão.

Com a transação, cujo valor não foi revelado, a Exame Academy, braço educacional do grupo que tem cursos livres, imersões e pós-graduação (esta última em parceria com o Ibmec), passa a se chamar Faculdade Exame.

“A área de educação é quase uma startup dentro do grupo”, diz Renato Mimica, co-CEO do grupo Exame, ao NeoFeed. “Fizemos diversas pesquisas e a Exame era uma marca com reputação grande e aderente ao mercado educacional.”

Desde 2020, quando o BTG Pactual assumiu a revista Exame, o braço educacional já teve mais de 65 mil alunos e já deu mais de 1,6 mil horas de aulas. “Estamos saindo da adolescência e entrando na fase adulta”, diz Heloisa Jardim, diretora da Faculdade Exame.

O IPD Digital era uma instituição de ensino pré-operacional, que conseguiu a certificação do Ministério da Educação (MEC) para se tornar uma faculdade no fim do ano passado e se preparava para começar a oferecer os primeiros cursos.

A Exame, que tinha planos de entrar em ensino superior, estudava sair do zero e buscar a certificação do MEC, o que poderia durar, em média, 18 meses. Ao mesmo tempo, analisava o mercado e sondava empresas nas quais poderia comprar, encurtando esse prazo - 0 que acabou acontecendo.

O fato de o IPD Digital ainda não ter iniciado seus cursos é considerado um fator positivo, na visão dos executivos da Exame. “Dá a oportunidade de construir organicamente, sem carregar nenhum tipo de legado e experiências passadas”, afirma Mimica.

A partir de agosto, a Faculdade Exame vai anunciar a sua primeira pós-graduação. A parceria que possui com o Ibmec em MBA será mantida. Os cursos de graduação só serão definidos mais adiante e deverão começar a ser ministrados em 2024.

O objetivo da Exame não é competir, no ensino superior, com grupos educacionais como Cogna, Yduqs, Ser Educacional e Ânima. A inspiração são as escolas de negócios dos Estados Unidos.

O conteúdo dos cursos deve focar em estudos de casos e experiências prática. “Vamos explorar sinergias e conseguimos entregar conteúdo editorial, estudos de casos e trazer o executivo do caso para dentro da sala de aula”, afirma Pedro Valente, co-CEO da Exame.

O objetivo é atrair um público executivo, que trabalha em empresas, em sintonia com os leitores que acessam o braço editorial do grupo, que teve, em média, 11 milhões de visitas em junho, de acordo com dados do SimilarWeb. “O nosso diferencial é estar conectado com o mercado”, diz Jardim.

Atualmente, os MBAs custam R$ 17 mil o curso inteiro. Os de imersão, que são presenciais e duram dois dias, R$ 14 mil. E os cursos livres têm um custo variado. Mas, em média, são vendidos a R$ 2 mil. Os executivos da Exame não forneceram projeções de quantos alunos pretendem captar com a faculdade, que focará em oferecer cursos online.

A marca Exame, que nasceu como uma revista de negócios, tem caminhado cada vez mais para o lado educacional, que deve se transformar no principal negócio de grupo. “Esse é um negócio mais escalável e a educação superior ainda tem uma penetração baixa no Brasil”, afirma Mimica.

Essa é a segunda aquisição da Exame na área educacional. A primeira foi a da Witseed, em abril deste ano, voltada para educação corporativa. Com a transação, trouxe para dentro de casa mais de 40 mil alunos e 130 cursos, com conteúdos segmentados sobre liderança, soft skills, diversidade, ESG e tecnologia. Entre os clientes estão nomes como Vale, Natura e Gerdau.

O potencial de consumo do ensino superior privado no Brasil, entre a população com faixa etária de 20 a 34 anos, pode superar R$ 42 bilhões por mês, nos 27 Estados brasileiros, aponta a pesquisa da Geofusion, que faz pesquisas baseadas em análises geográficas.

Os dados foram compilados a partir de informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise demonstra o potencial de consumo de mais de 51,1 milhões de pessoas com faixa etária comum para graduação, nas modalidades presenciais e a distância.