A gestora de private equity Treecorp está dobrando a aposta na sua tese de luxo, que já conta com a Tânia Bulhões em seu portfólio, com um investimento na empresa capixaba Decolores, que beneficia pedras naturais, como quartzito e mármore.
O aporte, 100% primário, é de R$ 140 milhões por um fatia minoritária, mas relevante na Decolores. Com o acordo, a Treecorp vai compartilhar o controle com o fundador da companhia, o italiano Luca Burlamacchi, e está indicando o CFO da empresa.
A tese da Treecorp é consolidar um mercado bilionário, bastante fragmentado e que não conta com grandes empresas. “Temos uma trajetória de crescimento e através desse acordo entendemos que temos a possibilidade de mudar de nível e buscar um novo posicionamento de mercado”, afirma Burlamacchi, ao NeoFeed.
Ao mesmo tempo, a Treecorp acaba de fazer o first closing de seu quarto fundo de private equity, captando R$ 250 milhões, ancorado pela gestora Spectra. A meta é chegar a R$ 500 milhões com esse fundo - o fechamento deve acontecer até o fim deste ano.
Mais R$ 500 milhões devem ser captados em coinvestimentos com a base de investidores que inclui family offices e clientes de private bankings, à medida que as rodadas forem acontecendo. O dinheiro investido na Decolores é um exemplo dessa estratégia. Uma parte vem do quarto fundo. E a outra, de coinvestimentos.
“Quase 80% dos LPs (limited partners) que investem conosco desde o primeiro fundo estão participando dessa nova captação”, diz Bruno Levi D'Ancona, sócio da Treecorp, ao NeoFeed.
O primeiro fundo da Treecorp captou R$ 50 milhões. O segundo levantou R$ 150 milhões. E o terceiro, R$ 500 milhões. A gestora conta no portfólio com, além de Tânia Bulhões, a administradora de consórcios Ademicon, a rede varejista de produtos pets Petz, a rede de estacionamentos Estapar, a rede de lanchonete Cabana e a SAF do time de futebol Coritiba.
Recentemente, a Treecorp saiu da rede de hospitais veterinários We Vets conseguindo um retorno de três vezes o capital investido e uma TIR (taxa interna de retorno) superior a 50%. A L Catterton, que comprou a fatia da gestora brasileira, avaliou a operação em R$ 400 milhões.
O aporte na Treecorp na Decolores segue o script da gestora brasileira, que, em geral, está atrás de empresas que estão fora do radar dos investidores. “Buscamos empresas que têm uma alta taxa de crescimento, são lucrativas e não têm dívidas”, afirma Filipe Lomonaco, sócio da Treecorp, ao NeoFeed.
Esse é o caso da Decolores, que tem crescido a uma taxa média anual de 30%. No ano passado, seu faturamento foi de aproximadamente R$ 300 milhões. A meta é ultrapassar os R$ 400 milhões neste ano, de acordo com Burlamacchi.
Com duas fábricas no Espírito Santo – uma em Cachoeiro de Itapemirim e outra em Vitória –, a Decolores compra as pedras naturais semiacabadas de mineradoras, corta em placas, faz o acabamento e polimento para depois revender no mercado. As placas são usadas para decorar bancadas, pisos, revestimentos de paredes e banheiros.
Hoje, quase 80% da produção vai para o mercado internacional. Os Estados Unidos são o principal mercado, representando aproximadamente 70% do volume exportado. Os 30% restantes vão para os países da Europa.
O dinheiro da Treecorp será usado para reforçar o marketing institucional da Decolores e aprimorar os canais de vendas da companhia. O foco serão arquitetos e marmoristas.
A gestora pretende ajudar no relacionamento com incorporadoras para incluir as pedras da Decolores em seus projetos. Hoje, o modelo da empresa é B2B, vendendo para distribuidores, que repassam as peças para os consumidores finais.
A gestora quer fazer também um trabalho de marca com a Decolores. O segmento de pedras naturais não faz branding. Ao contrário do que acontece com as empresas que atuam com pedras artificiais, como os casos da brasileira Portobello e da espanhola Cosentino.
“O nosso projeto é consolidar a marca e ser uma referência do segmento de luxo, coisa que hoje praticamente não existe no mercado brasileiro e internacional”, diz Burlamacchi.
A estrela do portfólio da Decolores é o quartzito, uma das sensações das pedras naturais brasileiras. De acordo com dados do Centrorochas, que representa as empresas do setor, o Brasil exportou US$ 1,2 bilhões em pedras naturais em 2024, alta de 10%.
Os Estados Unidos são destino principal das rochas naturais brasileiras, sendo responsável por US$ 711,1 milhões do volume exportado. Em seguida vem a China (US$ 218,5 milhões) e a Itália (US$ 82,8 milhões).