O Fundo Phoenix, administrado pela Trustee DTVM, e que tem entre seus cotistas o empresário Nelson Tanure, arrematou em leilão na B3, nesta sexta-feira, 19 de abril, a compra da estatal paulista Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), que fazia parte de plano de desestatização do Governo de São Paulo, por R$ 1,04 bilhão.
O Fundo Phoenix pagou 33,68% acima do preço mínimo definido, de R$ 52,85 por ação. Além do Fundo Phoenix, outros dois grupos participaram do leilão, a Matrix Energy e o Grupo EDF.
Pela modalidade do leilão, em lote único, foram ofertadas 14,7 milhões de ações da empresa. Desse total, 14,4 milhões eram de titularidade do Estado de São Paulo e outras 350 mil da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô).
O leilão começou com ações da Emae em alta, mas, ao longo da disputa, os papeis começaram a derreter. Às 16h56, a ação da empresa era negociada por R$ 56, com queda de 26,3%.
O vencedor do leilão vai gerir um ativo com 906 megawatts (MW) em geração hidrelétrica suficiente para abastecer 825 mil residências na Grande São Paulo. Até o fim de 2023, a Emae gerou receita líquida de R$ 603 milhões, atingindo um valor de mercado de R$ 2,3 bilhões.
A empresa atua no planejamento, construção, operação e manutenção de sistemas de produção, armazenamento e comercialização de energia, bem como na operação de sistemas de controle de inundações.
Com 360 funcionários, a Emae opera quatro usinas hidrelétricas, oito barragens e duas usinas elevatórias, localizadas em São Paulo, Salto, Cubatão e Pirapora do Bom Jesus.
A empresa foi criada em 1998 com origem na Light, após o processo de cisão da Eletropaulo, e desempenha um papel essencial no controle de cheias no Estado de São Paulo, regulando os níveis dos rios Pinheiros e Tietê, por meio do bombeamento das águas do Rio Pinheiros para o Reservatório Billings.
Em outra frente, a Emae atua no desassoreamento e de remoção de lixo do Rio Pinheiros, que prejudica a operação do canal, porque obstrui o sistema de bombeamento das usinas elevatórias.
Portfólio de Tanure
Com a aquisição da Emae pelo Fundo Phoenix, o empresário Tanure amplia ainda mais seu vasto portfolio de investimentos, que inclui participações em empresas do setor de saúde, geração de energia, bens de capital, serviços industriais, petróleo e gás, setor financeiro, imprensa, telecomunicações e setor imobiliário.
Conhecido pela sua estratégia adquirir empresas com dificuldades para fazer o turnaround (reestruturação) e vender mais caro depois, Tanure é acionista da Light, Alliança Saúde, Gafisa, PRIO, Docas Investimentos, Sequip (Serviços de Engenharia e Equipamentos) e Ligga (nova nomenclatura do grupo das ex-estatais Copel Telecom e Sercomtel e Horizons e Nova Fibra), entre outras empresas.
Em outubro, o empresário virou réu em um processo administrativo aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) envolvendo a Gafisa. A ação acusa os conselheiros da Gafisa de aprovarem, em 15 de abril de 2019, um aumento de capital com condições de preço em desacordo com a Lei das Sociedades Anônimas.
Teste para Sabesp
O leilão da Emae foi considerado o primeiro grande teste do governo paulista antes da venda da Sabesp, que deve ocorrer ainda no primeiro semestre.
Após o fechamento do leilão, o governador Tarcísio de Freitas repetiu o gesto que viralizou no ano passando, batendo o martelo com força no palanque da B3.
Antes da venda da Emae, o governo paulista já havia fechado a concessão do Lote Litoral de Rodovias, que liga a região do Alto Tietê à Baixada Santista e ao Vale do Ribeira, com previsão de investimentos de R$ 4,3 bilhões para obras de duplicação, ampliação e melhorias das rodovias SP-055 (Rodovia Padre Manuel da Nóbrega), SP-088 (Mogi-Dutra) e SP-098 (Mogi-Bertioga). A concessão terá prazo de 30 anos.
Estão previstas também as licitações da Sabesp e do Túnel Santos-Guarujá, além da concessão de serviços lotéricos estaduais, da PPP para construção de 33 novas escolas e de projetos de mobilidade urbana, rodovias e habitação.
Inicialmente prevista para o dia 2 de abril, a licitação do leilão do antigo prédio da Imprensa Oficial foi suspensa por tempo indeterminado para “análise interna de alguns pontos do edital”.