O recuo de quase 6 mil pontos em relação às máximas de setembro do Ibovespa não foi suficiente para abalar a confiança dos investidores, que seguem otimistas com a direção do mercado brasileiro. É o que mostra a pesquisa do Bradesco BBI com 60 gestores de mercados emergentes e latino-americanos.
Segundo o relatório, os níveis de confiança estão, de modo geral, mais altos que no primeiro e terceiro trimestres, mas ainda atrás do apresentado no segundo trimestre do ano, quando se imaginava que o Brasil seria o grande vencedor do tarifaço dos Estados Unidos. Desde então, a bolsa brasileira passou por altos e baixos e acumula 17,8% de alta no ano, mesmo em queda de 3,1% em outubro.
Entre os gestores internacionais, a proporção daqueles overweight em ações do Brasil é 50% superior em relação aos underweight, enquanto entre os locais essa fatia é próxima de 40% maior.
“Tanto investidores estrangeiros como locais concordam que taxas de juros mais baixas [na curva] são o maior catalisador deste ano, e a política fiscal é o principal risco. Os investidores locais estão muito mais cautelosos com o resultado das eleições”, diz o relatório.
Os analistas do BBI seguem esse otimismo, na crença de que o “melhor do rali ainda pode estar por vir” na América Latina. Apoiados em lucros robustos e no momento macroeconômico que vive o País, os analistas também consideram o Brasil a melhor região para se investir na América Latina.
Embora estejam com um nível de confiança ligeiramente menor, os investidores locais são os que estão mais propensos a aumentar o nível de risco em suas carteiras, com quase 40% a mais em relação aos que pretendem reduzir. Entre os estrangeiros, a vantagem em relação aos que querem cortar o risco das carteiras é de apenas 10%.
O relatório aponta, no entanto, que os gestores locais estão com menos caixa, o que poderia indicar alguma rotação no portfólio. Tanto os locais quanto os estrangeiros estão mais alocados em ações defensivas.
“O posicionamento setorial tem se afastado de empresas sensíveis a taxas de juros, em direção a empresas financeiras e defensivas, enquanto os investidores estrangeiros estão se tornando cautelosos com as small caps”, diz o BBI.
Por outro lado, os investidores estão altamente confiantes com a valorização do real, na crença de que o efeito cambial impulsione seus ganhos em dólar no país. Enquanto os gestores locais estão praticamente neutros em relação ao tema, entre os estrangeiros, a proporção dos que estão bullish para o real é 40% superior à dos que estão bearish.
Também há diferenças significativas entre os portfólios, com a maior parte dos gestores locais focada em ações de valor, enquanto os estrangeiros buscam crescimento e têm apostas muito mais concentradas.
Nubank e Mercado Livre são as principais posições de estrangeiros que investem na região. Já os locais, com uma carteira mais diversificada, têm focado especialmente em Itaú, Bradesco, Sabesp, Eletrobras e, entre mid e small caps, Prio, Tenda e Qualicorp.