O surgimento e a ascensão dos serviços de streaming colocaram em xeque indústrias como a televisão e o cinema. E agora, duas personagens, até aqui, antagonistas em boa parte das sequências desse enredo, podem acabar atuando no mesmo núcleo.
Protagonista do avanço e da popularização do streaming, a Netflix está explorando ativamente uma proposta para a compra da Warner Bros Discovery. A informação foi divulgada pela Reuters, que citou fontes familiarizadas com essa movimentação.
A companhia americana contratou o Moelis & Co. como assessor financeiro na negociação. Recentemente, o banco de investimentos esteve envolvido na compra da Paramount Global pela Skydance Media, em um acordo avaliado em US$ 8 bilhões.
Agora, dentro do script para um possível grande acordo nessa indústria, a Netflix já teria recebido acesso a todas as informações financeiras da operação da Warner Bros Discovery para fazer uma oferta pelo grupo.
Caso seja bem-sucedida, a empresa passará a ter controle sobre algumas das franquias e personagens de maior sucesso de Hollywood. Entre elas, Harry Potter e DC Comics. O portfólio também inclui séries de sucesso da Warner Bros, como “Running Point”, “You” e “Maid”.
O conglomerado de mídia e entretenimento detém ainda canais como CNN, TNT e Discovery. E, com o acordo, a Netflix também reforçaria seu “pacote” de streaming com players como a HBO e seu serviço correspondente nesse formato, o HBO Max.
A princípio, nem todos esses ativos estariam, porém, no radar da Netflix. “Já deixamos bem claro no passado que não temos interesse em ter redes de mídia tradicionais”, afirmou Ted Sarandos, CEO da empresa, em conferência com investidores na semana passada.
Na oportunidade, o executivo ressaltou, no entanto, que, embora seja tradicionalmente “mais construtora do que compradora”, a companhia avalia aquisições com base em critérios como o tamanho da oportunidade e se o ativo fortalecerá a sua oferta de entretenimento.
As afirmações de Sarandos vieram na sequência da divulgação do resultado da empresa no terceiro trimestre. No período, entre outros dados, a Netflix apurou um lucro de US$ 2,54 trilhões, alta de 7,7% em base anual, e uma receita de US$ 11,5 bilhões, um salto de 17,2%.
A operação brasileira ganho espaço no roteiro dessa divulgação. E com um papel de vilão. A empresa atribuiu a margem operacional de 28%, abaixo do esperado, a uma despesa de cerca de US$ 619 milhões relacionada a uma disputa em andamento com autoridades fiscais do País.
Também na semana passada, a Warner Bros Discovery anunciou que começaria a avaliar opções de transações, após receber três ofertas não solicitadas da Paramount Skydance, a companhia resultante do acordo entre a Skydance Media e a Paramount Global.
O grupo acrescentou que seu conselho de administração iria analisar se prosseguiria com o modelo que previa a cisão entre o negócio que reúne os estúdios de cinema e televisão da Warner Bros, e a HBO e o HBO Max de seus ativos restantes de televisão, ou se buscaria a venda total ou parcial da sua operação.
Outro nome que estaria no páreo por esses ativos é a Comcast. Nesta semana, Mike Cavanagh, presidente da companhia, disse que a empresa está avaliando ativos de mídia que seriam complementares aos seus negócios.
Enquanto avalia possíveis acordos, a Warner Bros Discovery já tem fechado outras transações. Em janeiro deste ano, por exemplo, o grupo vendeu parte dos direitos musicais de suas produções para a britânica Cutting Edge Group (CEG), em um negócio de cerca de US$ 1 bilhão.
Todos esses movimentos têm como pano de fundo as crescentes dificuldades financeiras vividas pela companhia, fruto da fusão, em 2022, da Warner Media com a Discovery Inc.. Boa parte desse contexto tem origem justamente na escalada dos serviços de streaming, bem como em frentes como a pirataria.
Em outras telas, as ações da Warner Bros Discovery registram alta de 2,78% no pre-market da Nasdaq na manhã desta sexta-feira. No ano, os papeis acumulam uma valorização de 104,5%, com a companhia avaliada em US$ 53,5 bilhões.
Já as ações da Netflix subiam 1,41% também na Nasdaq. A empresa está avaliada em US$ 461,4 bilhões e seus papéis registram alta de 22,1% no acumulado de 2025.
 
            
                                     
                         
                 
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                             
                         
                                             
                                             
                                            