Maior banco da América Latina, o Itaú Unibanco mais uma vez reportou resultados robustos, com o lucro líquido superando os R$ 10 bilhões no segundo trimestre de 2024, o retorno recorrente sobre o patrimônio líquido anualizado (ROE) chegando a 22,4% e o índice de inadimplência ficando em um dos menores patamares de sua história.
E tudo isso em meio a um processo de de-risking de algumas carteiras de pessoas físicas, principalmente a parte de cartão de crédito, linha que ficou estável em relação ao primeiro trimestre.
A saída “de risco de operações de clientes que destroem valor”, especialmente na parte de cartões, segundo o banco, tem prejudicado a evolução da carteira de pessoas físicas, que cresceu 1,2% em base trimestral e 3,2% em relação ao segundo trimestre de 2023, para R$ 418,3 bilhões.
Mas essa é uma situação que parece ter prazo de validade, especialmente na parte de cartões de crédito, com espaço para a retomada do crescimento a partir do próximo trimestre. “Estamos chegando no final do ciclo de ajuste de portfólio e começamos a ver a carteira de cartões fazendo inflexão”, disse Milton Maluhy Filho, CEO do banco, nesta quarta-feira, 7 de agosto, em entrevista coletiva para tratar dos resultados.
Para obter esse crescimento, porém, não significa que o banco irá aumentar o seu apetite a risco, destacou Maluhy. Parte desse avanço vem do fim do efeito negativo que essa depuração do portfólio terá, além de um cenário macroeconômico um pouco mais favorável.
“Crescer no momento em que parece que o cenário é expansionista, sem tomar cuidado com riscos, é entregar crescimento de carteira que não se sustenta”, afirmou o CEO do Itaú. “Sustentável e consistência são duas palavras de ordem para nós.”
Assim como a concorrência, o Itaú vem focando mais nos segmentos de média e alta renda para a concessão de crédito e, segundo Maluhy, esses dois públicos vêm apresentando um ritmo de expansão de dois dígitos.
Essa perspectiva de melhora na parte de cartões para pessoa física deve ajudar a manter os resultados do Itaú em alta no segundo semestre de 2024, com Maluhy afirmando que o banco vê uma “boa dinâmica” em todas as linhas do balanço.
Destacando que o banco não fornece guidance para ROE, o CEO do Itaú acha possível que o banco continue trabalhando com um retorno acima dos 20%.
O resultado do Itaú no segundo trimestre trouxe novamente à tona a questão da possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários. Para Maluhy, considerando o momento, “haverá dividendo extraordinário”, mas a grande questão é o tamanho.
Segundo ele, o pagamento depende dos efeitos que algumas mudanças regulatórias de questões sobre risco operacional terão sobre o banco, pontos que estão sendo estudados antes da decisão final. “A gente espera divulgar o que imaginamos de dividendos extraordinários no fim do ano”, afirmou.
Além da questão dos dividendos, os resultados do Itaú também suscitaram questionamentos sobre o banco buscar oportunidades fora do País. Sobre isso, Maluhy disse que não estão previstos grandes movimentos, uma vez que as diferenças de cobrança de impostos entre os países afetam os retornos desses investimentos.
Por volta das 11h07, as ações preferenciais do Itaú recuavam 0,53%, a R$ 33,50. No ano, elas acumulam alta de 4,3%, levando o valor de mercado a R$ 306,4 bilhões.