A bolsa de valores no Brasil vive um movimento intenso de ofertas públicas de aquisição de ações (OPA). Mas o fechamento de capital não é um passo dado apenas pelas empresas no País. Um dos principais nomes do fast fashion global, a H&M pode acabar voltando a ser uma companhia de capital fechado, caso a família fundadora mantiver o ritmo de compra das ações da companhia, listada desde 1974 na Bolsa de Valores de Estocolmo.

Desde 2016, a família Perssons, uma das mais ricas da Suécia e que fundou a companhia em 1947, já gastou mais de 63 bilhões de coroas suecas (US$ 6,6 bilhões) comprando ações no mercado, acumulando quase dois terços do capital social da H&M, segundo a agência de notícias Bloomberg.

Segundo a reportagem, a família tem feito as aquisições através de uma holding chamada Ramsbury Invest, falando pouco a respeito de suas intenções para além do proverbial “eu acredito na empresa”, elevando a especulação de que a intenção de fato é fechar o capital da H&M.

As compras estão sendo feitas por meio do reinvestimento dos dividendos, com a participação da família subindo de 35,5% para quase 64% em nove anos. Incluindo a participação de membros mais distantes da família, os Perssons controlam cerca de 70% do capital, contando com 85% dos direitos de voto.

Se a família continuar com as compras no mesmo ritmo, ela conseguirá fechar o capital em dois anos, segundo apontou o analista Niklas Ekman, do DNB Carnegie, em relatório citado pela reportagem – se atingir 90% do capital social, a família poderá pedir a saída da H&M da Bolsa.

O analista escreveu que o fechamento seria “baseado em motivos emocionais e não financeiros”, uma vez que a família já detém o controle e há tempos administra a empresa com pouca consideração pelos acionistas minoritários.

A H&M tem sofrido nos últimos anos, ficando para trás de rivais tradicionais como Zara e sofrendo com a concorrência de plataformas asiáticas como Shein.

Após atingirem patamares recordes há cerca de uma década, as ações da H&M acumulam queda de quase 60% desde então, enquanto os papéis da Inditex, controladora da Zara, subiram 60% no mesmo período. O valor de mercado da companhia soma 220,4 bilhões de coroas (US$ 23 bilhões).

A varejista sueca sofre com a baixa demanda por seus produtos. Além da concorrência, a H&M também sente os efeitos das tarifas de importação dos Estados Unidos. Tudo isso colaborou para que a empresa divulgasse resultados mais fracos que o esperado no primeiro trimestre do ano fiscal de 2025, encerrado no fim de fevereiro.

O lucro líquido caiu 53% em base anual, para 579 milhões de coroas suecas (US$ 60,4 milhões), com a receita subindo 3%, para 55,3 bilhões de coroas suecas (US$ 5,7 bilhões).

O CEO da H&M, Daniel Erver, que assumiu o cargo em janeiro passado, vem tentando reconquistar clientes por meio de altos investimentos com marketing. Mas os resultados ainda não apareceram.

Entrar em novos mercados também faz parte da estratégia de retomada da H&M. A empresa planeja inaugurar 80 lojas em países emergentes, sendo quatro delas no Brasil, um dos poucos mercados em que ainda não possui presença na América Latina.

A companhia prevê abrir as unidades no segundo semestre, com a primeira unidade no shopping Iguatemi, em São Paulo.