No exato dia em que completa 25 anos de sua fundação, o Mercado Livre parece ter, de fato, motivos para comemorar. A companhia desbancou a Petrobras e se tornou a empresa mais valiosa da América Latina nesta sexta-feira, 2 de agosto.
Segundo cálculos da consultoria Elos Ayta, o “presente de aniversário” foi “entregue” às 13h30 de hoje, quando a gigante do varejo, cujas ações dispararam mais de 10% pela manhã na Nasdaq, alcançou um valor de mercado de US$ 89,8 bilhões, contra os US$ 83,8 bilhões registrados pela estatal no mesmo horário.
Essa escalada veio na sequência da divulgação do seu balanço do segundo trimestre. Entre outros números, a empresa superou as estimativas de analistas ao reportar um lucro líquido de US$ 531 milhões, alta de 10,3%. Mas não está restrita a essa conquista.
“O Mercado Livre passou o Carrefour e virou o maior varejista do Brasil nesse segundo trimestre”, diz Fernando Yunes, executivo que comanda o Mercado Livre no Brasil, ao NeoFeed. “E, dependendo da fonte, estamos com um market share que vai de 42% a 45% do e-commerce do País.”
No segmento, ele destaca que a empresa já estava na dianteira em categorias como moda, beleza, casa e decoração, autopeças, saúde e esportes. E, no segundo trimestre, alcançou o topo em “prateleiras” como smartphones e notebooks, antes lideradas por players locais.
“Viramos líder em praticamente todas as categorias no Brasil. Só faltam duas: linha branca e móveis”, observa Yunes. “Estamos investindo nessas duas frentes e, em algum momento, vamos liderá-las também.”
Para isso, o foco não estará apena em preço, mas também na melhor dos níveis de serviço. A orientação, segundo Yunes, é seguir reduzindo as fricções nos processos de atendimento, de compra e de pós-venda.
Responsável pelo rali das ações nessa sexta-feira, o balanço do segundo trimestre também traz indicadores que sustentam esse olhar mais atento para o Brasil. Entre eles, o crescimento anual de 19% no número de clientes locais comprando na plataforma do grupo.
“É um número surpreendente”, afirma, lembrando que essa base de clientes já tinha crescido exponencialmente e de forma consecutiva a partir da chegada da Covid-19. “Estamos com uma taxa de crescimento análoga ao que tivemos no início de 2021, ainda na pandemia.”
Indagado se o Mercado Livre é imparável, ele diz que sim. E acrescenta: "O Meli investiu R$ 23 bilhões no Brasil em 2024 e vai investir ainda mais em 2025”, diz. "Estamos, todos os dias, todas as horas, buscando oportunidades para seguir surpreendendo os clientes e, consequentemente, crescendo acima do esperado."
Como parte desse apetite dos investimentos locais, Yunes frisa que os aportes em tecnologia são um dos pilares da vantagem competitiva da companhia. E ressalta que a operação já tem mais de 16 mil desenvolvedores em seu quadro.
Outro destino dos recursos serão os investimentos regionais. Nessa ponta, ele destaca a inauguração, em breve, de uma estrutura de fullfilment em Pernambuco, além da projeção de abrir centros de distribuição em Brasília (DF) e Porto Alegre (RS) neste segundo semestre.
Foguete em disparada
Diante desses movimentos e dos indicadores do trimestre, quem engrossou o coro dos contentes com o Mercado Livre foi o Itaú BBA, que, em relatório, classificou a varejista como um “foguete em disparada”, ao apontar que o resultado veio em uma batida forte e acima das expectativas do mercado.
“Esse resultado, mais uma vez, destaca o sólido momento operacional do Mercado Livre e suas fortes perspectivas de longo prazo”, escreveu o time de analistas liderado por Thiago Macruz, que manteve a recomendação de compra e o preço-alvo de US$ 2.151 para a ação.
O relatório destaca justamente o papel do Brasil nesse contexto, com dados como o crescimento anual de 83% do volume bruto de mercadorias (GMV) no País, para US$ 12,6 bilhões, o que contribuiu para um salto de 42% - 8% acima das estimativas - na receita líquida total da operação, para US$ 5,1 bilhões.
Na visão do Itaú BBA, esse foi o principal fator de impulso para que o lucro antes de juros e impostos (Ebit) no período alcançasse o patamar de US$ 726 milhões e superasse em 8% as projeções feitas pelo banco.
Para os analistas, o desempenho nessa linha mais do que compensou o aumento acima do previsto nas despesas de SG&A, a partir de uma alta de 102% nas provisões em função da aceleração do portfólio de crédito.
Além do crescimento acelerado no Brasil, o Itaú BBA observou que a operação no México manteve um ritmo forte e ressaltou a melhora sequencial dos indicadores na Argentina. Frentes mais recentes do negócio, como a divisão de publicidade, cujas receitas cresceram 51%, também foram destacadas.
Já no Mercado Pago, braço de produtos e serviços financeiros do Mercado Livre, o banco realça indicadores como a expansão da carteira de crédito, impulsionada principalmente pela emissão de 1,6 milhões de cartões de crédito, com contribuições significativas do Brasil e do México.
As ações do Mercado Livre encerraram o pregão dessa sexta-feira na Nasdaq com alta de 10,59%, cotadas a US$ 1.776,14, dando à empresa um valor de mercado de US$ 90 bilhões. No ano, os papéis da varejista acumulam uma valorização de mais de 13%.