O cenário macro brasileiro pode estar complicado e com efeitos negativos sobre a operação da XP Inc., mas o UBS BB avalia que a situação está mais do que precificada nos papéis, que estão em patamares bastante baratos - em 12 meses, as ações acumulam queda de 52%.
Diante disso, os analistas Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Beatriz Shinye decidiram elevar a recomendação para as ações da companhia fundada por Guilherme Benchimol de neutro para compra.
O preço-alvo, porém, foi de US$ 19 para US$ 16, por conta dos efeitos do câmbio desvalorizado, o aumento do custo de capital e a revisão negativa dos resultados previstos para este ano e 2026.
“A XP está sendo negociada a um P/E para 2025 de 8,2 vezes, o que é barato versus a média de 15 vezes apresentada por seus pares internacionais (plataformas de investimento internacionais, bancos de investimento e gestoras de ativos)”, diz trecho do relatório. “Além disso, o valuation da XP é mais barato do que seus pares locais.”
Sobre este segundo ponto, os analistas do UBS BB destacam que B3, BTG Pactual e Itaú Unibanco apresentam um P/E de cerca de 9 vezes para 2025. “Vale destacar que a XP é mais asset light em comparação a seus pares locais e bancos incumbentes e que o risco de crédito é muito menor, o que deve resultar num prêmio, na nossa opinião”, diz trecho do relatório.
Os analistas do UBS BB citam ainda que os investimentos da XP para expandir sua base de escritórios de assessoria de investimentos - como foi o caso da compra de participação na Center Investimentos, noticiada em primeira mão pelo NeoFeed - é positiva, mas acarreta riscos.
Segundo eles, a iniciativa aumenta o controle sobre a alocação de investimentos e melhora a expectativa do consumidor, o que pode levar a melhorar a margem no longo prazo. Por outro lado, pode acarretar conflitos entre os assessores internos da companhia e os independentes.
Os analistas afirmam, no entanto, que a XP terá dificuldades para crescer os resultados. Eles não acreditam que a companhia conseguirá um lucro superior a R$ 5,5 bilhões em 2026, parte mais baixa do lucro implícito no guidance divulgado pela empresa – R$ 5,5 bilhões a R$ 7,4 bilhões.
O UBS BB projeta ainda uma receita bruta de R$ 22 bilhões para o próximo ano, abaixo do que está descrito no guidance, que varia de R$ 22,8 bilhões a R$ 26,6 bilhões. Para a margem EBT anual, o UBS BB espera que alcance 33%, enquanto a XP projeta que fique entre 30% e 34%.
No terceiro trimestre de 2024, o lucro líquido da XP somou R$ 1,2 bilhão, alta de 9% na comparação anual. A receita bruta atingiu R$ 4,5 bilhões, aumento de 4%, enquanto a margem EBT atingiu 28,1%.
“Apesar do duro cenário macro, nós esperamos que o lucro por ação registre um crescimento de dois dígitos baixo entre 2024 e 2026”, diz trecho do relatório. “Adicionalmente, acreditamos que a XP pode manter a lucratividade na faixa baixa dos 20% e pagar um montante significativo de dividendos nos próximos anos.”
A XP aprovou no terceiro trimestre de 2024 o pagamento de mais de R$ 3 bilhões aos acionistas, com R$ 2 bilhões na forma de dividendos e R$ 1 bilhão via programa de recompra de ações. Com os anúncios, a empresa vai retornar um total de R$ 4,2 bilhões aos acionistas.
Por volta das 12h, as ações da XP subiam 3,02% na Nasdaq, a US$ 12,57. No ano, os papéis acumulam alta de 6,40%, levando o valor de mercado a US$ 6,7 bilhões.