A pandemia acelerou a tendência de migração de alunos para cursos de ensino a distância e, por conta disso, a Cogna anunciou, nesta terça-feira, 21 de agosto, que vai fazer a sua lição de casa para reverter as perdas de sua unidade de ensino superior Kroton.

A empresa de educação anunciou que vai fechar unidades, renegociar contratos e revisar seu portfólio para focar em cursos premium, como o de medicina.

“É provavelmente a reestruturação mais importante do nosso negócio presencial”, afirmou Rodrigo Galindo, presidente da Cogna, em teleconferência com investidores nesta manhã. “No digital, crescer é o nome do jogo. No presencial, vamos fazer o resize e o turnaround.”

Não foram fornecidos muitos detalhes sobre como acontecerá essa reestruturação, que deve ser concluída em 2021. Galindo afirmou que o objetivo da reformulação no presencial é obter mais margem e mais geração de caixa.

No primeiro semestre de 2020, a digitalização do ensino superior foi fortemente acelerada pela pandemia. Os cursos online, por exemplo, viram sua participação na receita líquida da Cogna passar de 28%, em 2019, para 32%, nos primeiros seis meses deste ano.

Na sentindo inverso, os cursos presenciais perderam participação na receita líquida, passando de 72%, em 2019, para 68%, no primeiro semestre deste ano.

Segundo Galindo, o ensino a distância vai focar em cursos mais básicos. E o presencial, nos premium. Isso vai influenciar a estratégia de aquisições da companhia, que vai olhar para o que ele chamou de “cursos mais nobres”.

Na teleconferência, a companhia informou que tem 15 cursos presenciais que são considerados prioritários. Entre eles estão medicina, odontologia, medicina veterinária, direito e psicologia.

“Premium não é só medicina. Não descartamos oportunidades de aquisição. Temos quatro escolas hoje e pretendemos ampliar a exposição”, disse Galindo.

A reestruturação acontece em meio à divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2020 da Cogna, holding educacional que reúne as marcas Kroton, Vasta, Saber e Platos.

A empresa registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 140 milhões no segundo trimestre de 2020, ante lucro de R$ 267 milhões em igual período de 2019. O resultado foi afetado pela queda da receita, evasão escolar e aumento da inadimplência.

A receita líquida recuou 21%, para R$ 1,37 bilhão, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Já o Ebitda foi negativo em R$ 139,5 milhões, ante positivo de R$ 267 milhões.

Boa parte desse desempenho ruim está que fazendo a ação da Cogna recuar mais de 4%  na manhã desta sexta-feira na B3, deve-se a Kroton.

A receita líquida de sua empresa de ensino superior caiu 25% e o Ebitda, 43% no primeiro semestre de 2020, comparado ao mesmo período do ano passado.

Em entrevista ao NeoFeed no fim de julho, Henrique Bredda, gestor do fundo Alaska Black, que aposta na Cogna e chegou a dizer que a empresa é o novo Magazine Luiza, já comentava sobre a necessidade de a empresa fazer uma reestruturação.

Na ocasião, Bredda dizia que o resultado estava ruim e que deveria piorar. Ele sugeria que a empresa selecionasse melhor o seu aluno e a precificação dos cursos. “Use o ano para melhorar a operação”, declarou Bredda. “Essa é a vantagem de ter liquidez para tomar a decisão corajosa.”

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