A competição das big techs para saber quem liderará o tema da inteligência artificial (IA) nos próximos anos está começando a causar preocupação entre investidores, diante de temores de que os robustos investimentos previstos para os próximos anos não apresentem resultados palpáveis.

A questão foi apresentada por estrategistas do Goldman Sachs, que destacaram que nomes como Amazon, Meta, Microsoft e Alphabet – que ganharam a denominação de hyperscalers – gastaram cerca de US$ 357 bilhões no ano passado com capex e pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Segundo eles, deste total, uma “porção significativa” foi direcionada para IA, com o montante representando quase um quarto do que o total das empresas listadas no S&P 500 destinou para capex e P&D.

“Os hyperscalers atuais serão requeridos em algum momento a provar que receitas e lucros serão gerados destes investimentos”, diz trecho do relatório, segundo a Bloomberg. “Se os primeiros indícios forem de que isso não será gerado, resultará numa queda de valuation.”

Desde que o tema da IA ganhou força e fez os investidores correrem atrás dos potenciais vencedores dessa corrida – um deles sendo a Nvidia, cujo valor de mercado passou de US$ 300 bilhões para quase US$ 3 trilhões em dois anos –, as big techs vem tentando correr atrás do prejuízo, aumentando os investimentos.

Na teleconferência relativa aos resultados do primeiro trimestre, ocorrida em abril, a Meta anunciou que o capex de 2024 deve ficar entre US$ 35 bilhões e US$ 40 bilhões, um aumento em relação à faixa de projeção anterior (US$ 30 bilhões a US$ 37 bilhões).

Na call, a CFO da companhia, Susan Li, afirmou que a companhia pretende acelerar os gastos com infraestrutura para “apoiar os nossos planos para IA”. E disse que o capex deve subir no ano que vem, “à medida que investimos agressivamente para apoiar a nossa ambiciosa pesquisa em IA e esforços de desenvolvimento de produtos”.

Na Alphabet, o capex totalizou US$ 12 bilhões no primeiro trimestre, acima dos US$ 10 bilhões previstos, com a CFO Ruth Porat destacando, em abril, que o montante reflete “nossa confiança nas oportunidades oferecidas pela IA” e que os investimentos da empresa devem permanecer no mesmo patamar, ou acima, nos próximos trimestres.

Isto significa que a empresa pode investir cerca de US$ 48 bilhões neste ano, acima dos US$ 32,3 bilhões registrados em 2023, segundo o Financial Times.

Ainda que os valores sejam elevados, os estrategistas do Goldman Sachs pontuam que os investimentos “ainda são insignificantes” em comparação com o que foi visto durante a bolha da internet, no começo dos anos 2000.

Segundo eles, no auge do episódio, as empresas estavam gastando quase 100% do fluxo de caixa oriundo das operações em capex e P&D, abaixo dos 72% vistos atualmente.

Mesmo assim, as despesas precisam demonstrar resultados. “Como foi visto na bolha da internet, o desempenho das vendas serão indicador chave para os investidores avaliarem a durabilidade do trade com IA”, diz trecho do relatório.