Em meados de agosto, o McDonald’s frequentou o noticiário por conta dos desdobramentos do escândalo envolvendo seu ex-CEO, Steve Easterbrook, demitido em novembro passado por manter relações sexuais com uma funcionária da rede.
Menos de um mês depois de o caso ganhar novos contornos, a empresa está envolvida em mais uma polêmica. Segundo uma reportagem do site Business Insider, a rede americana de fast-food está sendo alvo de um processo movido por 52 ex-franqueados negros no estado de Illinois, onde fica a sede da companhia.
Na ação conjunta, que envolve um valor total de indenizações de mais de US$ 1 bilhão, os franqueados afirmam que sofreram “discriminação racial sistemática e dissimulada” na relação com a rede, por não terem acesso às mesmas oportunidades que seus colegas brancos.
No novo caso, os requerentes argumentam que foram sistematicamente orientados a montarem suas unidades da rede em bairros de baixa renda, nos quais os custos com seguro e segurança tendem a ser mais altos, impactando a receita da operação.
Um dos ex-franqueados destaca que a desvantagem do grupo era tão significativa que comprar uma franquia do McDonald’s para um negro era um “suicídio financeiro”. Segundo o processo, dado esse contexto e a má conduta da empresa, os ex-donos de uma ou mais lojas da rede incluídos na ação foram forçados a fechar ou vender mais de 200 unidades na última década.
As indenizações por ponto-de-venda variam entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões. De acordo com a denúncia apresentada, dezenas de outros franqueados negros foram obrigados a deixar a rede nos últimos vinte anos. Dos 377 integrantes, em 1998, o número hoje seria de apenas 186.
“Minha prioridade é sempre buscar a verdade”, afirmou Chris Kempczinski, CEO do McDonald’s, em um vídeo divulgado a funcionários e fornecedores na manhã desta terça-feira. “Quando alegações como essas ocorrerem, quero que sejam investigadas de forma completa e objetiva.”
O executivo acrescentou: “Essa tem sido a nossa abordagem para essa situação. Com base em nossa análise, discordamos das alegações nesse processo e pretendemos nos defender fortemente contra elas.”
O processo inclui outros indicadores e denúncias. Entre 2011 e 2016, a média das vendas anuais desses franqueados foi de US$ 2 milhões, contra a média nacional da rede de US$ 2,7 milhões, no período, e de US$ 2,9 milhões, em 2019.
Além de destacar as oportunidades restritas, a acusação afirma que as lojas desses franqueados eram submetidas a inspeções “direcionadas, rigorosas e irracionais”, que os forçava a abandonar o negócio quando recebiam notas baixas nesses processos. Outra medida seria a imposição de requisitos mais severos de renovação e reconstrução desses locais, na comparação com os demais franqueados.
Segundo o processo, entre 2011 e 2016, a média das vendas anuais desses franqueados foi de US$ 2 milhões, contra a média nacional da rede de US$ 2,7 milhões, no período, e de US$ 2,9 milhões, em 2019
Em nota enviada ao site americano Business Insider, o McDonald’s negou todas as alegações e ressaltou que “a esmagadora maioria das transações comerciais envolvem uma venda direta entre os franqueados.” James Ferraro, advogado dos franqueados, rebateu afirmando que a rede está “mais focada em relações públicas” do que em fazer a coisa certa.
Nos tribunais
Esse já é o terceiro processo de discriminação racial relacionado à companhia nesse ano. Em janeiro, Vicki Guster-Hines e Domineca Neal duas ex-executivas sêniores do McDonald’s processaram a empresa sob essa alegação. Assim como três trabalhadores de restaurantes da rede no estado da Flórida.
As denúncias em questão também não são o único imbróglio judicial da empresa envolvendo ex-funcionários. Mas no caso do ex-CEO Steve Easterbrook, quem entrou com o processo foi o McDonald’s, sob as acusações de mentira, ocultação de provas e fraude.
Demitido em novembro passado por manter relações sexuais com uma funcionária da companhia, contrariando as políticas da rede, o executivo deixou o posto com direito a um pacote de indenizações e benefícios de quase US$ 42 milhões. Ele teve acesso a essa “recompensa” depois de enviar um e-mail a todos os funcionários do grupo assumindo seu erro.
Em julho, porém, uma denúncia anônima trouxe à tona que Easterbrook teria se relacionado com outras funcionárias, algo que o executivo havia negado durante as primeiras investigações, sendo que a uma delas Easterbrook cedeu um lote lucrativo de ações.
Nos documentos protocolados pela companhia no processo há provas de que o executivo teria usado seu e-mail corporativo para encaminhar fotos das três funcionárias nuas ou seminuas a outras contas pessoais. Easterbrook tentou deletar as mensagens de seu celular, mas elas continuavam no servidor da empresa.
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