A derrocada das montadoras ocidentais na China ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira, 4 de dezembro, com o anúncio da General Motors de que vai reduzir ativos e assumir um encargo de reestruturação no valor de US$ 5 bilhões no quarto trimestre, devido ao fraco desempenho de joint venture com a estatal chinesa SAIC Motor.

Em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a GM disse que assumiria um encargo de depreciação de até US$ 2,9 bilhões e espera perdas adicionais de capital de cerca de US$ 2,7 bilhões decorrentes da implementação desse plano de reestruturação pela SAIC General Motors.

Esse número inclui encargos relacionados ao fechamento de fábricas e otimização de portfólio. As ações da GM caíram 1,3 % durante o dia na bolsa americana.

Os problemas da GM na China não são recentes. A empresa registrou perda de US$ 347 milhões na região até o terceiro trimestre, em comparação com um lucro de US$ 353 milhões no mesmo período de 2023, com queda de vendas de 19%. A participação de mercado da GM na China caiu de 13,7% em 2018 para 8,4% em 2023.

A CEO da GM, Mary Barra, assegurou que a empresa vai continuar na China. A montadora divulgou em julho planos para reestruturar o negócio, um processo que envolve redução de fábricas, modelos e empregos. A empresa também mudou sua diretoria no país asiático.

Sob o comando de Barra, a GM saiu de muitos mercados estrangeiros, incluindo Europa, Índia, Austrália e partes do Sudeste Asiático. A retirada da China reduziria ainda mais a presença global da empresa e a deixaria mais dependente de seu mercado doméstico da América do Norte, sua principal fonte de lucro.

Mesmo após o anúncio, a GM espera registrar um lucro líquido anual de US$ 10,4 bilhões a US$ 11,1 bilhões - o que explica a valorização de 49% de suas ações em 2024.

Barra disse que a China é um ambiente difícil porque algumas marcas domésticas "não parecem priorizar a lucratividade, elas estão definitivamente priorizando a produção" – numa referência aos subsídios do governo chinês para montadoras nacionais.

A rápida ascensão dos fabricantes locais de veículos elétricos (EV) da China, como BYD e Xpeng, está derrubando o maior mercado de automóveis de passageiros do planeta e deixando para trás as maiores montadoras ocidentais – GM, Ford e Volkswagen -, que lideraram as vendas no país por décadas.

Segunda maior montadora do mundo depois da Toyota, a Volkswagen viu suas vendas na China - seu maior mercado - caírem mais de um quarto em relação a apenas três anos atrás. A joint venture chinesa da montadora alemã, a SAIC-Volkswagen, tem uma fábrica de produção em Urumqi, capital de Xinjiang, e uma pista de testes em Turpan.

A Volkswagen passou a considerar sair de Xinjiang depois que, no ano passado, a empresa perdeu para a BYD sua coroa - que ostentava desde 2000 - como a marca de carros mais vendida da China. A gigante alemã também enfrenta problemas financeiros em outros mercados, incluindo o europeu.

A Ford, que também está sofrendo com a queda de vendas e de participação no mercado chinês, ainda luta para se adaptar à virada do setor automobilístico em favor dos veículos elétricos e híbridos plug-in. O presidente da Ford, Jim Farley, disse que reduzir os prejuízos com veículos elétricos – que devem fechar em US$ 5 bilhões este ano - é uma prioridade para a empresa.

A Agência Internacional de Energia prevê que as vendas de veículos elétricos a bateria e híbridos plug-in na China atingirão 10 milhões este ano, respondendo por quase metade das vendas de carros no país, contra apenas 1,1 milhão há quatro anos.