O grande tema entre economistas e investidores para 2023 é se a maior economia do mundo, os Estados Unidos, vai entrar em recessão. Embora a pisada no freio seja esperada, ainda há muitas dúvidas sobre o que vai ocorrer e qual magnitude, com todos buscando por indícios para corroborar suas teses.
Um setor que pode ajudar a dar maior clareza sobre o impacto na economia americana neste ano é o bancário, que começa a divulgar os resultados do quarto trimestre nesta sexta-feira, 13 de janeiro. Os primeiros balanços serão de J.P. Morgan Chase, Bank of America, Citigroup e Wells Fargo.
E a julgar pelas expectativas com os balanços, a alta dos juros promovida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está conseguindo desaquecer o mercado de trabalho, colocando dificuldades sobre a situação financeira da população e forçando os bancos a agirem para reduzir os danos.
Um levantamento feito pela consultoria FactSet a partir das projeções de analistas mostra que o setor bancário deve registrar um lucro consolidado de US$ 28 bilhões no quarto trimestre, segundo o The Wall Street Journal.
O montante representa uma queda de 15% em relação ao mesmo período de 2021, com as instituições aumentando suas previsões para lidar com potenciais perdas provocadas pelo enfraquecimento da economia, e os correntistas começando a sentir o peso da contração monetária.
Ainda que a alta dos juros possa ter um efeito positivo sobre a receita, ao aumentar os ganhos com os empréstimos, ela tem como contrapartida elevar os custos relativos à rentabilidade das contas correntes, com os bancos buscando evitar que os clientes migrem seus recursos para a concorrência. Até o momento, o reajuste das taxas de depósito tem ocorrido lentamente.
A alta dos juros também tem afetado o mercado imobiliário, ao encarecer os custos das hipotecas e reduzir a contratação de empréstimos, além de reduzir as taxas cobradas pelos bancos por essas operações.
Dados da Mortgage Bankers Association (MBA), entidade que representa a indústria financeira dedicada ao mercado imobiliário, apontam que a originação de hipotecas nos Estados Unidos deve fechar 2022 em US$ 2,25 trilhões. Se confirmado, representará uma queda 49,3% em relação ao registrado em 2021.
O peso da alta dos juros também está chegando na parte de investment banking, desestimulando a realização de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) e follow ons.
A situação da economia americana tem preocupado os principais bancos do país, que desde o terceiro trimestre têm fortalecido suas provisões. O CEO do J.P. Morgan, Jamie Dimon, vem alertando sobre o possível “furacão” que atingirá a economia dos Estados Unidos.
Em entrevista à rede americana CNBC, em outubro, ele disse que é preciso se preparar para uma recessão, que deve atingir a economia dos Estados Unidos entre junho e setembro deste ano.
O cenário base da equipe de economistas do J.P. Morgan é de uma recessão moderada no final de 2023, diante da deterioração do mercado de crédito e da valorização do dólar.