O Nubank lançou sua operadora de telefonia móvel na terça-feira, 29 de outubro, após meses de espera do mercado. Baseada no modelo MVNO [mobile virtual network operator], que utilizará a infraestrutura da Claro, a NuCel oferece planos pré e pós-pagos aos seus clientes, todos condicionados ao uso de eSIM.

A notícia movimentou o mercado dominado por três grandes nomes no País, que agora começam a sentir a mudança do setor na pele. Para o Goldman Sachs, a novidade traz, de fato, um fator de risco incremental para as operadoras, mas a Tim deve ser a mais prejudicada nesse processo.

Na visão dos analistas Vitor Tomita, Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Milenna Okamura, isso ocorre pois a operadora está mais exposta aos serviços móveis e ao segmento pré-pago, o que pode indicar maiores problemas pela frente. Atualmente, 95% da receita de Tim é proveniente do mobile, o que levou o banco a reduzir a recomendação da companhia para neutro.

“Nós acreditamos que o Nubank pode aproveitar sua marca forte e seu sólido relacionamento com seus clientes no Brasil para conquistar uma parte desse mercado móvel brasileiro”, afirma o banco no relatório. “Essa novidade exige uma alocação de capital quase zero para o banco digital, o que facilita ainda mais sua implementação”.

Assim, os especialistas do Goldman não acreditam que Vivo e Claro sejam prejudicadas pela companhia, já que elas estão mais “blindadas” devido a seu modelo de negócio e foco.

“A Claro tem uma exposição limitada aos serviços móveis no Brasil em relação à sua base de usuários geral e, mais importante, ela é a provedora de rede para a NuCel”, dizem os analistas no relatório.

No caso da Vivo, apesar da companhia também ter exposição grande à telefonia móvel, o banco acredita que a variedade de serviços fixos oferecidos pela companhia ajuda nesse momento.

“Acreditamos que a oferta da NuCel, especialmente se for bem-sucedida, abre caminho para que outras grandes empresas com marcas fortes analisem e testem cada vez mais a viabilidade estratégica dos modelos de MVNO no Brasil”, afirma o Goldman. “Isso poderia resultar em uma competição incremental adicional para o setor.

Pensando em desafios, o Goldman cita que a implementação da NuCel deve ser gradual, já que a sua característica de utilizar o eSIM pode limitar a abrangência da operadora no curto prazo. Nesse sentido, os modelos dos analistas já assumem um crescimento da ARPU (receita média por usuário) pré-pago/pós-pago abaixo da inflação a partir de 2025.

Segundo o banco, no lado regulatório, também existem discussões em andamento sobre possíveis mudanças nas regulamentações de roaming ou MVNOs, que poderiam beneficiar economicamente os players menores no mercado móvel brasileiro.

Para o Nubank, além dos aspectos positivos vistos na adoção da operadora, os analistas também acreditam que podem existir fatores externos bons para a companhia, como o aumento do uso do aplicativo pelos clientes, além da criação de um novo canal de distribuição para outros serviços que estejam na mente do banco.