Quando o assunto é Petrobras os investidores sempre demonstram receio quanto à condução das operações e como isso pode afetar a distribuição de dividendos. Ainda mais quando a companhia está em processo de expansão de capex, como ficou demonstrado no primeiro plano de investimentos da gestão de Jean Paul Prates.

Apesar do plano estratégico para o quinquênio de 2024 a 2028 prever um investimento de US$ 102 bilhões (R$ 507,1 bilhões), com maior ênfase em energia limpa, os analistas do Bradesco BBI afirmam que, no curto e médio prazo, o retorno total da estatal continuará “poderoso”, o que a torna o principal nome do segmento de óleo e gás.

Vendo um dividend yield robusto para este e o próximo ano, os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka decidiram elevar o preço-alvo das ações preferenciais de R$ 38 para R$ 48 e dos recibos de ações (ADRs) de US$ 15 para US$ 20. A recomendação permanece sendo de compra.

“O carry [carregamento] da tese de investimento da Petrobras deve continuar poderoso”, diz trecho do relatório. “Além do potencial de alta de 17% das ações, prevemos um dividend yield de 16% para 2024 e de 12% para 2025.”

Em meio a um cenário favorável, os analistas do Bradesco BBI destacam que as poucas grandes oportunidades no segmento de energia nos mercados emergentes representam um trunfo poderoso para a Petrobras atrair investimentos.

Eles afirmam ainda que a companhia conseguiu capturar parte do fluxo internacional de recursos da poderosa Aramco. Mas considerando que a estatal saudita planeja realizar uma oferta secundária de ações, parte deste fluxo deve retroceder.

Apesar do otimismo quanto à Petrobras, o Bradesco BBI destaca que o dividend yield para os próximos dois anos depende da manutenção da disciplina de capital, especialmente quanto à fusões e aquisições, além de manter as despesas sob controle.

“A Petrobras precisa manter sua disciplina de capital em relação à fusões e aquisições e seguir seu plano de US$ 11 bilhões [para M&As] nos próximos 5 anos. Incorporamos US$ 5 bilhões em negócios para 2024 e US$ 3 bilhões para 2025”, diz trecho do relatório.

Em relação ao que esperar para dividendos no quarto trimestre, os analistas do Bradesco BBI afirmam que os resultados previstos para o período devem resultar em cerca de US$ 9 bilhões em dividendos, sendo US$ 4 bilhões ordinários e US$ 5 bilhões extraordinários. O valor representa um dividend yield de 8% no trimestre.

O relatório destaca ainda que as ações da Petrobras estão sendo negociadas com um EV/Ebitda de 3,1 vezes para 2024, desconto de 15% em relação às principais empresas europeias.

Por volta das 13h, as ações preferenciais da Petrobras subiam 0,85%, a R$ 41,34. No ano, elas acumulam alta de 11%, levando o valor de mercado a R$ 544,3 bilhões.