Depois do BTG Pactual, foi a vez do Santander Brasil elevar a recomendação para as ações do Grupo Fleury de neutro para compra, avaliando que a companhia vem apresentando melhora de desempenho e de lucratividade, além de registrar um valuation atrativo.

O preço-alvo foi reiterado em R$ 19,50, o que representa um upside de 35,4%. O preço-alvo calculado pelo BTG Pactual está próximo ao do Santander – R$ 18, uma diminuição ante os R$ 21,50 que tinha anteriormente, refletindo o aumento do custo de capital no País.

Segundo os analistas Caio Moscardini, Karoline Silva Correia e Guilherme Gripp, do Santander, o Fleury opera um negócio “resiliente e gerador de caixa”, com marcas bastante conhecidas do público, o que pode ser “um bom carry em um ambiente macroeconômico volátil”.

“A alavancagem permanece baixa, com uma relação dívida líquida e Ebitda de 1,2 vez, e projetamos uma taxa de retorno sobre o fluxo de caixa [FCF yield] de 6,7% e 7,2% em 2024 e 2025, respectivamente”, diz trecho do relatório.

A expectativa é de que o crescimento da receita do Fleury acelere a partir do segundo trimestre, expandindo 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Para o acumulado do ano, os analistas projetam uma alta de 8,7% da receita, comparando com 2023.

Para eles, a alta é fruto da base de comparação mais favorável com 2023, a melhora do desempenho do segmento L2L, que presta serviços laboratoriais para pequenas empresas de diagnóstico, e um ambiente competitivo mais racional.

Os novos negócios do Fleury, como as clínicas de oftalmologia e fisioterapia, ainda devem sofrer pressão no segundo trimestre, mas a expectativa é de que comecem a contribuir positivamente aos resultados no segundo semestre.

“Pelo lado das margens, a aceleração da receita da marca Fleury, o aumento da eficiência dos novos negócios e as sinergias com o Hermes Pardini podem fazer com que a margem Ebitda ajustada expanda a 25,9% no segundo trimestre, alta de 60 pontos base na comparação anual, e para 26,1% em 2024, aumento de 100 pontos base”, diz trecho do relatório.

O relatório do Santander destaca as perspectivas da divisão L2L, uma área que cresceu e ganhou força após a fusão com a Hermes Pardini e cujas oportunidades não estão sendo consideradas pelos investidores.

Para os analistas, a área L2L do Fleury ganhou capilaridade com a chegada do Hermes Pardini, um trunfo em relação à concorrência para atender o mercado de diagnósticos do País, caracterizado pela fragmentação e pela enorme quantidade de players pequenos – a estimativa é de que existem mais de 30 mil nomes que prestam esse tipo de serviço.

“Nós esperamos ganhos de participação de mercado por conta da melhora da prestação de serviço após a fusão com o Hermes Pardini”, diz trecho do relatório. “Para nós, a receita da parte L2L, cuja taxa de crescimento anual composta [CAGR, na sigla em inglês] para o período de 2024 a 2027 deverá ser de 12%, será o principal fator para o crescimento da receita do Fleury.”

A robustez do modelo de negócios do Fleury, previsível e relativamente estável, mais o momento operacional e os bons fundamentos financeiros também foram fatores levantados pelos analistas do BTG Pactual, pontos vistos como diferenciais no momento em que a Bolsa sofre muita pressão.

Foi a primeira vez em cinco anos de cobertura que o banco recomendou compra para as ações. Para Samuel Alves e Yan Cesquim, a companhia representa uma boa escolha defensiva para lidar com a turbulência do mercado e da economia, mesmo que as perspectivas de crescimento não sejam tão atrativas.

“Apoiado por um dividend yield atraente, de 74% em 2024 e 8,8% em 2025, as ações do Fleury são uma boa defesa, também apresentando um momento positivo em termos de resultados (com o lucro por ação podendo crescer 53%, em base anual, no segundo trimestre), impulsionado pela captura de sinergias com o Hermes Pardini”, diz trecho do relatório.

Os analistas do BTG Pactual destacaram ainda que as ações não estão caras, sendo negociadas a um múltiplo P/L de 11 vezes para 2024 e 10 vezes para 2025.

Por volta das 11h45, a ação FLRY3, do Fleury, subia 0,40%, a R$ 14,98. No ano, o papel acumula queda de 16,8%, levando o valor de mercado a R$ 8,1 bilhões.