Depois de conquistar centenas de milhões de consumidores pelo mundo, a chinesa Shein parte agora para tentar ganhar o mercado financeiro dos Estados Unidos, preparando o que pode ser um dos maiores IPOs nos Estados Unidos em anos.
A gigante do fast fashion apresentou um pedido confidencial de listagem de ações nos Estados Unidos, que deve ocorrer em 2024, segundo apurou o jornal The Wall Street Journal com pessoas familiarizadas com as movimentações.
As fontes apontam que a Shein contratou o Goldman Sachs, J.P. Morgan e Morgan Stanley para coordenar a operação.
A expectativa é de que a Shein busque um valuation superior aos US$ 66 bilhões em que foi avaliada em maio, quando levantou US$ 2 bilhões numa rodada com investidores. A meta é buscar uma avaliação de 90 bilhões, de acordo com uma fonte da Bloomberg. O valor é inferior ao de um ano atrás, quando foi avaliada em US$ 100 bilhões.
Ainda assim, o montante colocaria a Shein acima da avaliação de US$ 27 bilhões da H&M, mas abaixo dos US$ 127 bilhões da Inditex, controladora da Zara.
As regras da Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM dos Estados Unidos) permitem às empresas não divulgar os documentos relativos à listagem por um período até o IPO. Nas semanas anteriores à abertura do capital, a Shein precisará revelar esses documentos, que incluem detalhes sobre suas finanças.
Baseada em Cingapura desde 2021, a Shein causou uma forte disrupção na indústria global de varejo de roupas, oferecendo produtos com preços extremamente baixos e alta rotatividade das coleções. Ela vende para cerca de 150 países, com os Estados Unidos sendo seu maior mercado.
Segundo o WSJ, a Shein registrou uma receita de US$ 23 bilhões e lucro de US$ 800 milhões em 2022 e tem dito aos investidores que obteve desempenho recorde nessas duas linhas do balanço no acumulado de 2023.
Depois de dominar as vendas de roupas online, a Shein está ampliando sua atuação. Uma das novidades é a criação de um marketplace, abrindo uma frente de competição com nomes como Amazon e Temu. Em agosto, ela adquiriu um terço da empresa dona da Forever 21, passando a vender também em lojas físicas.
O Brasil virou um mercado importante para a Shein. Conforme informou o NeoFeed, a empresa vem desde o final de 2021 se encontrando com alguns dos principais fornecedores de roupas do varejo de moda brasileiro. Em abril deste ano, a companhia anunciou o compromisso de nacionalizar 85% de suas vendas no Brasil com produtos feitos no País.
Mas sua atuação no mercado brasileiro está cercada de polêmica por conta de algumas práticas consideradas nada usuais, de acordo com reportagem publicada pelo NeoFeed.
Ao mesmo tempo, varejistas reclamam que o programa Remessa Conforme, que deu isenção para o pagamento de imposto de importação para compras de até US$ 50 beneficiou a Shein.
Com isso, a Shein ganhou muito espaço no Brasil nos últimos anos. Em uma carta a investidores tornada pública em julho pela CNBC, o vice-presidente executivo da companhia, Donald Tang, informou que seu marketplace conta com 6 mil vendedores locais e que o volume de mercadorias vendidas está próximo de US$ 100 milhões.