Fundador e CEO da Verde Asset Management, e um dos gestores mais respeitados do mercado, Luís Stuhlberger não tem poupado críticas ao volume de recursos destinados pelo governo brasileiro aos pacotes de socorro em função da pandemia.

Para ele, as medidas trouxeram de volta ao País um viés assistencialista e deixarão como legado um enorme desafio fiscal. Mas apesar de ressaltar o fardo desse provável legado, Stuhlberger não está disposto a abandonar suas teses à frente da Verde, gestora com R$ 48 bilhões sob gestão e conhecida por investir um terço em bolsa e dois terços em renda fixa.

“Olhando o presidente, o Congresso e o desafio fiscal, nós tendemos a ficar excessivamente pessimistas”, disse Stuhlberger no início desta noite de quarta-feira, em participação no evento “Melhores da Bolsa 2020”, promovido pelo site InfoMoney.

Ele observou que essa é a visão predominante em seus círculos e nos grupos de WhatsApp dos quais participa. Mas ressaltou: “Creio que essa não é uma boa opção no momento”, afirmou. “Não estou com uma posição enorme, mas não acho que o cenário é negativo suficiente para sair na bolsa e deixar tudo no CDI.”

Para fundamentar essa postura, que classificou como “anti-catastrofista”, Stuhlberger elencou alguns fatores. Entre eles, questões recentes, como a aprovação, nos últimos anos, das reformas da Previdência e Trabalhista, e do teto dos gastos.

“Fora esses elementos, temos um cenário muito positivo de poder contar com juro baixo e curva inclinada”, afirmou. “Além da curva jogar o investidor para prazos mais longos, ela incentiva o investimento produtivo. E vai colocar esse dinheiro para trabalhar.”

Sócio da Verde e braço direito de Stuhlberger, Luiz Parreiras destacou que as políticas adotadas na trilha da Covid-19 geraram uma espécie de “esquizofrenia” no mercado, com a coexistência de dois elementos.

“Temos, ao mesmo tempo, um acelerador fiscal brutal e um acelerador monetário com a taxa de juros nominal mais baixa da história e taxa de juros negativa”, disse. Nesse contexto, ele destacou que, de um lado, o mercado de juros está pessimista, especialmente no longo prazo, precificando a Selic a 11%.

“E, de outro, a bolsa otimista com a retomada do crescimento econômico turbinado pelo gasto fiscal, especialmente depois do rali de novembro”, afirmou. “O grande dilema é saber qual modelo vai vingar. E nós estamos tentando colocar tudo na balança e construir um portfólio robusto.”

Nesse contexto, Stuhlberger acrescentou que, no cenário externo, duas questões recentes trazem uma perspectiva favorável. A primeira delas são as notícias sobre os avanços para a descoberta de uma vacina. E a segunda, o saldo das eleições americanas.

“O resultado tirou a política externa e humana negativa de Donald Trump, mas também freou parte da agenda dos democratas, que não ficaram com o controle do Senado”, afirmou Stuhlberger, que “comemorou” esse equilíbrio. “Com tudo isso, eu não abriria mão de investir em ações nesse momento. Esse mercado vai continuar subindo.”

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