A inteligência artificial por trás do ChatGPT está fazendo mais do que criar textos de forma instantânea. Para a DataMilk, startup americana que no Brasil já tem clientes como Centauro e TokStok, a tecnologia também foi a responsável por atrair o olhar de investidores que injetaram US$ 8 milhões no negócio que otimiza sites de e-commerce.

O aporte de série A foi feito em rodada liderada pela RTP Global e que contou também com a participação de Angel Invest, Big Bets, TLF Ventures, entre outros fundos. Esses fundos já eram investidores do negócio, assim como Mariano Gomide e Geraldo Thomaz, fundadores da VTEX.

“Sempre falamos que queríamos construir uma relação de longo prazo com nossos investidores e eles ficaram satisfeitos com os resultados financeiros para investirem mais”, diz o húngaro Peter Szalontay, CEO e cofundador da DataMilk em conjunto com o brasileiro Cristiano Carvalho e o russo Misha Lyalin, em entrevista ao NeoFeed.

Fundada em 2021 e tendo captado já US$ 5 milhões em duas rodadas antes da série A , a DataMilk desenvolveu algoritmos munidos de inteligência artificial que podem ajudar a melhorar as vendas de um site de e-commerce. Isso é feito a partir de uma análise detalhada do design daquela página em questão.

Com base em dados, o algoritmo sugere mudanças visuais na página. Isso inclui, por exemplo, as cores e as fontes utilizadas ou a ordem em que os produtos estão dispostos. Tudo é feito de forma simples em termos de implementação dos códigos, o que reduz o tempo e o custo para a realização das alterações, segundo a DataMilk.

Na Centauro, varejista de artigos esportivos, a DataMilk analisou os dados de comportamento dos consumidores para melhorar a experiência de uso através de ferramentas que diminuíam a hesitação no momento do consumidor fechar a compra. Isso resultou no aumento de 11% na conversão das vendas, segundo a startup.

Com a nova rodada, o dinheiro deve ser utilizado para que a companhia invista mais em inteligência artificial – principalmente intensificado a incorporação de ferramentas como o GPT (a IA por trás do chat que se tornou um fenômeno na internet) em seu negócio. Isso já estava sendo feito há alguns meses, mas agora o plano é fortalecer os algoritmos para que eles possam trazer resultados mais eficientes.

De acordo com Szalontay, as maiores empresas de internet do mundo já trabalham em conjunto com modelos de inteligência artificial para conseguirem mostrar aos internautas o melhor conteúdo possível. "As empresas estão sentadas em uma mina de ouro inexplorada de dados comportamentais”, afirma o empreendedor.

Para ganhar dinheiro, a DataMilk é remunerada com base nos resultados que consegue para cada cliente. Quanto maior o número de visitas geradas a partir da otimização, maior será a cobrança feita aos clientes que contrataram os serviços da startup. As taxas, que não são reveladas, variam de acordo com o tamanho da operação.

A startup não revela também os números de sua operação, apenas informa que pretende crescer três vezes neste ano e que tem uma operação financeiramente saudável – mas sem abrir dados sobre queima de caixa ou plano para breakeven.

Além de clientes brasileiros, como a Centauro e a TokStok, a empresa também atende a australiana Culture Kings (de vestuário), a britânica Revolution Beauty (de maquiagens), indiana Monrow (de sapatos), entre outras companhias. Atualmente, conta com 38 funcionários.

No exterior, a DataMilk já tem rivais que também estão usando inteligência artificial com o objetivo de melhorar a jornada de compra dos consumidores no e-commerce. Uma delas é a britânica Dianthus, que captou US$ 11,5 milhões em aportes. Entre os investidores está a brasileira Bossanova, segundo dados do Crunchbase.

No Brasil, a própria VTEX também já aplica inteligência artificial em seu negócio para otimizar os e-commerces. A Linx, que foi comprada pela Stone em 2020 em uma transação de R$ 6 bilhões, também opera com soluções voltadas para o comércio eletrônico.