Em uma das maiores transações envolvendo fintechs em 2023, a Visa anunciou que está comprando a brasileira Pismo por US$ 1 bilhão, dando saída para os fundos Redpoint, Softbank e Accel, além da Amazon.
O valor representa uma valorização de 150% sobre o valuation da última rodada, em outubro de 2021, quando a Pismo recebeu US$ 108 milhões de Softbank, Accel e Amazon – a Redpoint, que está desde a séria A, também seguiu o aporte. Na ocasião, ela foi avaliada em mais de US$ 400 milhões, apurou o NeoFeed.
Em um mundo nos quais os unicórnios nasceram em grande quantidade em 2020 e 2021 no Brasil e na América Latina, a Pismo se manteve à sombra da euforia e construiu um negócio sólido que só agora, na ressaca dos investimentos, atingiu o valor bilionário.
Fundada em 2016 por Juliana Motta (CPO), Ricardo Josua (CEO), Daniela Binatti (CTO) e Marcelo Parise (VP de engenharia), a Pismo é uma plataforma de serviços bancários e pagamentos em nuvem, com operações na América Latina, Ásia-Pacífico e Europa.
Entre os seus clientes estão nomes como Citi, Itaú, Revolut, N26, Cora, entre outros. Ela processa um volume de US$ 40 bilhões em transações anuais e é a tecnologia por trás de 80 milhões de contas e mais de 40 milhões de cartões emitidos.
“Os fundadores da Pismo inauguram um novo estágio do ecossistema brasileiro”, afirmou Rodrigo Baer, sócio da Upload, que estava na Redpoint quando a gestora fez o investimento na Pismo. “Estamos construindo empresas de tecnologia que competem de igual para igual com os líderes globais”.
A negociação, iniciada há três meses, foi bastante concorrida e dura, segundo apurou o NeoFeed. Além da Visa, avaliada em US$ 477 bilhões, a Mastercard também fez uma oferta, segundo publicou o Pipeline, que noticiou em primeira mão a aquisição da Visa.
O valor de negócio inclui também um contrato que garante a presença dos fundadores da Pismo à frente do negócio. O Pipeline informou também que a transação envolve earn-out.
Apesar da valorização em relação a última rodada privada de investimentos, um grupo de investidores chegou a oferecer dinheiro aos fundadores da Pismo para que não vendessem o negócio.
A avaliação desse grupo era de que a Pismo tinha potencial para valorizar muito mais, o que traria mais ganhos para todos no futuro. "É uma empresa que tem potencial de valer US$ 30 bilhões", diz uma fonte.
Ao incorporar os serviços da Pismo, a Visa pretende fornecer recursos bancários e de processamento de emissores em cartões de débito, pré-pagos, de crédito e comerciais para clientes por meio de aplicações nativas na nuvem.
“Através da aquisição da Pismo, a Visa pode atender melhor nossas instituições financeiras e clientes fintech com soluções de core banking e emissor mais diferenciadas que podem oferecer a seus clientes”, disse Jack Forestell, diretor de produtos e estratégia da Visa, em comunicado conjunto com a Pismo.
“A Visa nos fornece suporte inigualável para expandir nossa presença globalmente e ajudar a moldar uma nova era para serviços bancários e pagamentos”, afirmou Ricardo Josua, co-fundador e CEO da Pismo, no mesmo comunicado que oficializa a transação.
A transação está sujeita a aprovações regulatórias e outras condições habituais de fechamento e deve ser concluída até o final de 2023.
(Colaborou José Eduardo Barella)