O GV Angels fechou uma parceria com o Mercado Bitcoin (MB) para viabilizar R$ 50 milhões em investimentos por meio da emissão de tokens, a serem negociados dentro da bolsa de startups da empresa de criptoativos.
O grupo de investimento anjo em early stage formado por ex-alunos da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) já aportou outros R$ 50 milhões para viabilizar mais de 50 startups em quase sete anos, como Kovi e EducBank.
“Temos um mercado de investimento anjo no Brasil que começou com relevância em 2013, 2014 e hoje é muito relevante, mas ele é completamente analógico”, diz Roberto Dagnoni, CEO do grupo 2TM e presidente do conselho do MB, ao NeoFeed. “A bolsa de startups abre um mercado mais moderno e com liquidez.”
A parceria prevê que o MB vai estruturar a emissão dos tokens, que ficarão disponíveis na plataforma para o grupo de investidores do GV Angels, composto por mais de 300 alumnis, para investir em cerca de 150 e 200 startups.
Os R$ 50 milhões em tokens serão emitidos em etapas. Na primeira tranche, que já foi lançada e deve ser fechada até o final do mês, considerando a alta demanda pelos ativos, o MB e a GV Angels pretendem levantar R$ 5 milhões para investir em dez startups.
Serão emitidos 100 tokens ao preço de R$ 50 mil a unidade, com os recursos sendo usados para acelerar o crescimento de empresas em diversos estágios de desenvolvimento. Os cheques terão tamanho médio de R$ 500 mil a R$ 800 mil, dependendo da oportunidade.
Segundo Mike Ajnsztajn, cofundador e presidente do GV Angels, a tokenização permitirá ao associado da rede de investidores montar um portfólio com mais agilidade do que ocorre em um processo no modelo tradicional, em precisa fazer parte de um grupo de investimento, que por sua vez conduz uma due diligence na possível investida, negocia o contrato e aí sim decide se faz o aporte ou não.
Nesse processo de tokenização arquitetado com o MB, o GV Angels ficará a cargo da curadoria das startups, apresentando os detalhes das candidatas e a decisão dos investimentos ficará a cargo dos detentores dos tokens.
“Estamos propondo uma solução para aqueles anjos que não querem fazer isso [investimento tradicional], que querem acelerar isso, serem investidores um pouco mais passivos, comprando o token, que fará a curadoria do investimento”, diz Ajnsztajn. “A gente vai trazer o deal flow e os investidores vão escolher.”
Um ponto que também motivou o GV Angels a apostar na tokenização foi a existência de um mercado secundário do MB, através da bolsa de startups desenvolvida pelo MB Startups, a unidade de tokenização e listagem de investimentos em startups.
No modelo tradicional, o investidor às vezes precisa esperar um evento de liquidez caso queira se desfazer de sua participação. Com o token, ele consegue fazer isso de forma mais rápida, sem a necessidade de pedir autorização.
“Todo mundo pergunta como as soluções de blockchain vão servir para resolver questões da vida real e aqui estamos vendo a tokenização resolvendo várias dores do cliente”, diz Dagnoni.
A iniciativa do GV Angels com o MB está voltada para a sua base de associados, para na sequência ser ampliada à comunidade FGV. Mais adiante, o acordo prevê que esses ativos estejam disponíveis para os investidores da bolsa de startups do MB.
A parceria prevê ainda estabelecer a conexão das empresas listadas no MB Startups com o GV Angels, abrindo novas oportunidades de investimentos aos associados do grupo de investimento anjo da FGV.
O acordo representa mais uma etapa do crescimento da bolsa de startups sendo desenvolvida pelo MB, tendo como um dos princípios dar liquidez a investidores-anjos de venture capital (VC). No total, o MB Startups já realizou operações de investimentos que movimentaram R$ 66 milhões, tendo 23 ofertas no total, com já 16 encerradas e sete ainda abertas.
Uma das principais operações da iniciativa ocorreu em março, quando concluiu a tokenização da participação do veículo de investimento Escala na fintech catarinense Asaas, que oferece serviços financeiros para pequenas e médias empresas.
A oferta movimentou R$ 29 milhões e reestruturou a posição da Escala, permitindo a saída de alguns investidores do veículo que congrega diversos pequenos investidores que investem na Asaas desde 2013.