Se no exterior empresas como Arm Holdings, Instacart e Klaviyo ensaiam um movimento de retomada das ofertas públicas do setor de tecnologia, a abertura de capital de empresas brasileiras deve demorar um pouco mais.

Na previsão de Alex Szapiro, managing partner do Softbank para América Latina, a expectativa é a de que a janela para IPOs no Brasil reabra de vez somente a partir do segundo semestre do ano que vem.

“A questão do IPO depende de muitas variáveis macroeconômicas e da taxa de juros”, disse Szapiro, durante um evento da Distrito realizado na quinta-feira, 31 de agosto. “Se olharmos o que vem acontecendo nos últimos 12 ou 18 meses, eu diria que há mais otimismo para a abertura do mercado de capitais.”

O executivo cita como exemplo o caso da Arm. A oferta da fabricante de chips britânica tem sido apontada por especialistas como um provável ponto de inflexão no mercado para a retomada dos IPOs.

Entre as empresas que seguem com capital fechado investidas pelo braço latino do grupo de Masayoshi Son nos últimos anos estão nomes como QuintoAndar, Mercado Bitcoin, unico, MadeiraMadeira, Olist, Creditas, Gympass, entre outras.

Ainda que a janela para a abertura de capital já esteja no horizonte, Szapiro diz que as companhias precisam enxergar que a abertura de capital não deve ser encarada como a linha de chegada para o negócio. “O IPO é só um momento para a empresa, não a definição.”

O próprio Softbank segue à risca essa filosofia. Um exemplo é o Alibaba. Fora do Brasil, a gestora só começou um movimento mais agressivo de desinvestimento na empresa chinesa (que abriu capital em 2014) mais recentemente.

“O grande erro do venture capital é a hora de sair”, diz Szapiro. “Se você continua achando que a empresa vai continuar se valorizando, não há urgência.”

No Brasil, o Softbank conta com algumas empresas que já estão listadas em bolsa em sua carteira de investimentos. Entre elas estão os bancos Nubank e Inter e empresas como VTEX, Dotz e Afya.

O caso da Dotz é o mais crítico. Desde o IPO, em junho de 2021, a companhia já perdeu mais de 91% de valor de mercado. O negócio está avaliado em R$ 142,1 milhões. O valor é inferior a um terço dos R$ 390,7 milhões captados na abertura de capital.