Em 2013, quando fundaram a Rock Content, em Belo Horizonte, Diego Gomes, Vitor Peçanha e Edmar Ferreira estabeleceram uma meta desafiadora para a startup de marketing de conteúdo: alcançar 100 clientes nos primeiros seis meses de operação. Do contrário, fechariam as portas da empresa.
O trio e o time da empresa alcançaram não só a meta, em cinco meses, como superaram outras fronteiras. Hoje, a companhia tem mais de 2 mil clientes distribuídos entre países como Brasil, México, Canadá e, principalmente, Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, 22 de outubro, a Rock Content ganha um novo impulso para alcançar, literalmente, outras marcas. A startup está recebendo um aporte série B de US$ 30 milhões, liderada pela UnBox Capital, gestora de investimentos da família Trajano, controladora do Magazine Luiza, que já investia na empresa.
A rodada tem ainda a participação do Provence Capital e marca a entrada na operação do BTG Pactual, por meio do BTG High Growth Opportunities Fund, e da gestora brasileira Crescera Capital, que tem companhias como a Tembici, de bikes compartilhadas, no portfólio.
“Temos a visão de sermos os líderes globais dessa categoria”, observa Diego Gomes, cofundador e CEO da Rock Content, em entrevista ao NeoFeed. “E essa rodada é um passo muito importante nessa direção.”
Como parte do caminho percorrido até aqui pela Rock Content, 60% da receita da companhia já é gerada no Canadá e, em particular, nos Estados Unidos. Boa parte dos 40% restantes está distribuída na América Latina, com predomínio do Brasil e do México, e uma pequena parcela na Europa.
O passaporte da startup para estender seus domínios é um modelo que busca contemplar todas as etapas relacionadas ao marketing de conteúdo, do planejamento e execução à mensuração dos resultados das ações. Esse portfólio está distribuído em quatro linhas e plataformas de software.
A primeira é a Studio, que permite a gestão e a conexão do trabalho e dos times de marketing, além de trazer funções como a distribuição dos conteúdos em redes sociais e o acompanhamento dos resultados de cada projeto. A Stage é a plataforma que hospeda sites e portais de conteúdos das marcas.
Com a Ion, é possível produzir conteúdos interativos e personalizados, a partir de dados que os clientes autorizam compartilhar com as empresas. O último braço é um marketplace que conecta as companhias a mais de 400 agências e 80 mil profissionais, entre criativos, designers, videomarkers, roteiristas e afins.
No caso do markeplace, a receita segue as premissas desse formato, com a Rock Content recebendo uma taxa por essa intermediação, o chamado take rate. Nas demais ofertas, a startup trabalha com o modelo de software como serviço.
Nos Estados Unidos e no México, esses contratos anuais variam entre US$ 20 mil e US$ 1 milhão. Hoje, a carteira de mais de 2 mil clientes inclui nomes como FedEx, Oracle, Red Bull, Spotify, Dell, DHL e Salesforce.
Para ampliar essa base com mais empresas dispostas a se comunicarem com seus atuais e potenciais clientes, a Rock Content vai aplicar parte da nova rodada no crescimento de sua força de vendas. Hoje, essa equipe está distribuída em 15 países.
“Nosso foco está nas Américas”, diz Gomes. “A ideia é ter uma posição ainda mais forte nos Estados Unidos, Canadá, Brasil e México.”
Outra parcela será usada na ampliação do time de tecnologia da empresa, hoje instalado, majoritariamente no Brasil. Atualmente, a Rock Content tem cerca de 500 funcionários. A projeção era aumentar esse quadro com 100 profissionais, mas o número será revisado para cima com o aporte.
A expansão na área de tecnologia está ligada ao desenvolvimento de produtos, outro componente do investimento de US$ 30 milhões. Um dos focos é o Ion, especialmente no que diz respeito ao desafio de lidar com as diferentes regulações sobre privacidade que estão ganhando corpo em todo o mundo.
“Nossa visão de produto é ser uma one stop shop para o profissional e as áreas de marketing”, explica Gomes. “E esse desenvolvimento tem sido muito orientado pelas demandas que esses clientes nos passam.”
A Rock Content não descarta investir em aquisições para ampliar esse portfólio. A empresa já tem dois acordos em sua história, ambos fechados em 2019. O primeiro, a compra da brasileira iClips, de software de gestão para agências. E o segundo, da americana ScribbleLive, de marketing digital.
Ainda como parte do novo aporte, a Rock Content aderiu ao movimento global Pledge 1%, pelo qual vai reservar 1% de suas ações para investir em projetos de impacto social, por meio do seu braço Rock.org.
A julgar pelos números do mercado global de marketing de conteúdo, a startup tem boas oportunidades para escalar sua operação. A consultoria americana Reportlinker prevê que o segmento registre um crescimento médio anual de 16% até 2025, quando deve movimentar US$ 417,8 bilhões.
“O setor vem crescendo com a busca das empresas por conteúdos que possam levar suas audiências até uma decisão final”, afirma João Vitor Rodrigues, professor de marketing digital da ESPM. “E essa decisão pode ser uma compra, uma assinatura, um engajamento ou uma fidelização.”
Ele acrescenta: “No Brasil, a Rock Content foi a primeira a abordar esse tema sob uma ótica profissional e de prestação de serviços”, diz. “E hoje ainda não há uma empresa que domine todas as etapas de desenvolvimento e execução desses projetos.”