Microsoft, Twitter e ... Oracle. A lista dos candidatos a comprar o aplicativo chinês de vídeos curtos TikTok ganhou um novo candidato que soou bizarro para a maioria das pessoas.

A Oracle, fundada pelo empresário Larry Ellison, em 1977, é uma das mais tradicionais e poderosas do setor de tecnologia. Avaliada em US$ 169 bilhões, a companhia construiu seu império com softwares voltados para empresas.

Só nos últimos anos começou a trilhar o caminho para a computação em nuvem, que representou 83% dos US$ 39 bilhões faturados pela companhia em 2020.

Por esse motivo, causou espanto que a gigante do setor de tecnologia tenha feito uma oferta para arrematar o TikTok, o aplicativo chinês que corre o risco de ser banido dos Estados Unidos por Donald Trump. Será que faz sentido?

"Todas as companhias que fizeram uma oferta não estão pensando nos talentos ou no produto em si, mas na tecnologia e nos dados. É um outro tipo de aquisição", afirma Abishur Prakash, futurista especializado em geopolítica, autor do livro Next Geopolitics: The Future of World Affairs.

Estima-se que mais de dois bilhões de pessoas globalmente já tenham instalado o TikTok, sendo que 50% dos que utilizam a plataforma têm menos de 34 anos. Nos Estados Unidos, pelo menos 100 milhões de pessoas usam o aplicativo de vídeos curtos.

Essa base de consumidores seria um atalho para a companhia acrescentar um produto B2C ao seu portfólio. E, além disso, a Oracle ganharia "de brinde" uma base de usuários jovens para lá de turbinada.

Prakash questiona se o intuito da Oracle é se transformar em uma empresa de mídia social ou se a companhia pretende apresentar um novo produto a partir disso? “A Oracle pode ter suas próprias ideias sobre como poderia usar o TikTok que ainda não revelou ao mercado.”

Quem quiser comprar o TikTok tem até 12 de novembro para fechar o negócio, por conta de nova ordem executiva do presidente Donald Trump, que estabelece esse prazo para vender sua operação nos Estados Unidos.

O presidente americano afirma que há “evidência crível” de que a companhia chinesa “pode tomar uma ação que ameaça prejudicar a segurança nacional dos EUA”. O TikTok sempre negou essas acusações.

A oferta da Oracle ao TikTok refere-se às operações da empresa na América do Norte, Austrália e Nova Zelândia. A Sequoia Capital e a General Atlantic, que investem na ByteDance, dona do TikTok, também estariam junto com a companhia de Ellison.

É incerto se Ellison vai ganhar a disputa. O certo é que o dono da Oracle é um grande apoiador de Trump e um dos maiores doadores para o partido republicano.

No início deste ano, ele chegou a organizar uma arrecadação de fundos para a campanha de reeleição do atual presidente. "Não acho que ele seja o diabo", disse Ellison em uma entrevista à Forbes, em abril. "Eu o apoio e quero que ele se dê bem."

De acordo com o The New York Times, Ellison foi uma das primeiras pessoas a recomendar a droga hidroxicloroquina para Trump como um possível tratamento para o coronavírus. A eficiência da droga no tratamento da Covid-19 foi negada pelo FDA, órgão equivalente à Anvisa, no Brasil.

E não é apenas Ellison que simpatiza e tem influência no atual governo. O CEO da companhia, Safra Catz, fez parte da equipe de transição de Trump, em 2016, acumulando ainda sua função como executivo da Oracle.

Desde então, os dois mantêm um relacionamento amistoso. Em um jantar de 2018, com o presidente, Catz reclamou sobre a Amazon ser a favorita para ganhar um lucrativo contrato com o Pentágono. A Amazon perdeu a licitação e acionou o Pentágono judicialmente, alegando Trump influenciou o processo.

Essa “vantagem” da Oracle, pela proximidade de seus executivos com Trump, não foi levada em conta pelos usuários da internet, que resolveram ridicularizar a oferta. Memes com personagens velhos tentando se passar por garotos ou garotas adolescentes ganharam as redes sociais para dizer que a Oracle está ultrapassada e que não saberia lidar com o TikTok.

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