O mantra dos investidores de venture capital, na maioria das vezes, é investir em startups que crescem a velocidades estonteantes, tenham valuations milionários (e até bilionários) e que permitam uma saída lucrativa depois de um período de, no máximo, dez anos. "Escalar" é um verbo conjugado o tempo inteiro.

Observe, no entanto, o caso da Provence Partners, que surgiu de um single family office, evoluiu para um club deal e, por fim, a partir de 2020, tornou-se uma gestora que reúne o capital de 20 famílias, como o de empreendedores que construíram a Raia Drogasil, a Hedging-Griffo, a Eurofarma e a Lojas Marisa.

“A Provence Partners não foi feita para ser escalável, que, dentro do mundo de venture capital, isso é um insulto”, diz Marcelo Mitre, sócio da Provence Partners, em entrevista ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil. “Isso reflete a nossa filosofia: primeiro vamos construir um bom negócio, depois vamos encontrar a escalabilidade desse negócio.”

A frase de Mitre não é jogo de cena. A Provence Partners segue uma estratégia que foge à regra da maioria das gestoras  de venture capital. Em primeiro lugar, não é um fundo. A cada ano, as famílias se comprometem com um capital para ser investido naquele ciclo – em média, o valor total fica entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões.

Outra estratégia da Provence Partners é o número de startups em que investe por ciclo, que fica entre três e cinco. Mas, se não encontrar um bom negócio em um ano, a gestora não tem necessidade de fazer o “deploy” do capital. "E está tudo bem para os investidores", afirma Mitre.

Desde 2015, em um sinal que segue essa regra à risca, foram apenas 17 startups investidas, que receberam, aproximadamente, US$ 55 milhões. Entre elas, Gympass, CloudWalk, Agrolend, Bnex, Track.co, Adventures e Rock Content.

A decisão de investimentos não passa pelas famílias que investem seus recursos na Provence Partners. Mas, mais uma vez em uma estratégia não escalável, os empreendedores candidatos a receber o cheque conversam com esses empresários. “O feedback das famílias é muito mais poderoso do que um comitê de investimento”, afirma Mitre.

A Provence Partners não tem também um prazo para sair do negócio, pois – não se esqueça – não é um fundo que tem um período mínimo para investir e desinvestir. “Você cria uma empresa para fazer rodadas ou para ser sustentável?”, questiona Mitre, que considera esse um dos problemas que afetaram o ecossistema brasileiro de empreendedorismo.

Os cheques da Provence Partners variam de US$ 3 milhões a US$ 5 milhões. Em geral, a companhia participa de rodadas série A. Mas entra também em seed. Um de seus investimentos  recente em startups em estágio inicial envolve um empreendedor que fez sucesso ao vender sua empresa para a GetNet.

Assista a mais esse episódio do Café com Investidor e saiba quem é esse empreendedor, além de conhecer em detalhes a tese da Provence Partners.