O crescimento de 52,8% da produção da Marcopolo no Brasil no segundo trimestre deste ano mostra o apetite do mercado interno em aderir ao Euro 6, o sistema que regula a emissão de poluentes para veículos a diesel.

Sozinha, a receita líquida no País no segundo trimestre aumentou 74,2% e “carregou” o resultado consolidado da fabricante de carroceria de ônibus, que entregou R$ 1,95 bilhão de receita líquida. No semestre, foram R$ 3,6 bilhões nesse indicador.

Mas para alcançar esse resultado tem um componente que faz a gestão da companhia “dormir de olho aberto para não ser pego de surpresa”: a variação cambial.

No primeiro semestre de 2024, a valorização do dólar sobre o real foi de 15%. Essa flutuação cambial é um desafio para a empresa, que tem boa parte dos custos de suas matérias-primas atrelados à variação das commodities.

“Acabamos trabalhando com capital de giro e investimento em estoque bastante relevantes, no fim do ano passado e início deste ano, o que acabou não trazendo grandes impactos em termos de custos”, conta Pablo Motta, CFO da Marcopolo, no Números Falam, programa do NeoFeed que tem o apoio do Santander Select.

Com operações internacionais na Argentina, Colômbia, México, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, Austrália e China, o câmbio pode ter um impacto positivo no balanço da Marcopolo. No primeiro semestre deste ano, o lucro líquido dessas operações foi de R$ 80,1 milhões ante prejuízo de R$ 11,4 milhões no mesmo período de 2023.

“Um câmbio alto normalmente é bom para a Marcopolo porque conseguimos ser mais competitivos no mercado externo. Isso nos ajuda nesses grandes projetos e trazem boa rentabilidade para a operação”, afirma Motta.

Recentemente, a companhia tomou a decisão de ampliar seu mix de produtos. Anteriormente, a Marcopolo só fabricava carroceria de ônibus rodoviário, urbano e micro. Agora, investiu na criação de um veículo integral elétrico.

Chamado de Attivi, as primeiras oito unidades foram entregues para a cidade de Porto Alegre no fim do segundo trimestre. Há mais dez encomendas feitas desse produto integral. Quando se fala apenas da carroceria, a Marcopolo já produziu mais de mil unidades ao redor do mundo.

“A eletrificação traz valor para o usuário e o Brasil, com a pauta verde, vai vir muito forte”, diz o CFO. “Estamos tornando a fábrica de São Mateus mais preparada para atender esse mercado, que ainda não existe, mas está começando.”

Localizada no Espírito Santo, a fábrica de São Mateus tem recebido a maior parte dos investimentos da Marcopolo, que está construindo um pavilhão só para a fabricação do chassi integral elétrico. No primeiro semestre, a companhia investiu um total de R$ 162,7 milhões, alta de 129,5% sobre o mesmo período do ano anterior.

Com valor de mercado de R$ 7,3 bilhões, a ação preferencial POMO4, a de maior liquidez na B3, acumula alta de 13,8% no ano.