O BTG Pactual realizou mais um movimento relevante para reforçar e avançar no mercado de wealth management. Depois de incorporar as operações da Julius Baer no Brasil, o banco fechou a aquisição da área de gestão de fortunas da JGP, gestora fundada por André Jakurski.

A operação, anunciada pelo banco nesta segunda-feira, 14 de abril, prevê a incorporação de cerca de R$ 18 bilhões em ativos sob gestão que estavam na wealth da gestora de André Jakurski. O valor da compra não foi divulgado.

Com esta operação, o BTG Pactual avança seu negócio de multi family office, segmento em que passará a ter quase R$ 120 bilhões sob administração, de olho nas mudanças pelas quais o setor passa.

“Vemos o mercado rumando para que os clientes não tenham um relacionamento com os bancos de corretagem e sim ter um modelo de one fee only, que olhe para os recursos como um todo”, diz Rogério Pessoa, sócio e head de wealth management do BTG Pactual, ao NeoFeed. “O mercado está rumando para isso e o BTG está se posicionando como um consolidador de multi family offices.”

O acordo prevê ainda que o BTG Pactual vai incorporar as 25 pessoas que trabalham na JGP Wealth Management e que Jakurski atuará como chairman do comitê de investimentos do BTG Pactual Family Office, trazendo suas análises de mercado e ajudando na alocação de recursos nessa unidade. A operação foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Esta foi a quarta aquisição que o BTG Pactual fez nos últimos anos para reforçar seu braço de family office, que opera desde 2010. A mais recente foi a incorporação da operação brasileira do Julius Baer, por R$ 615 milhões, concluída há duas semanas.

A decisão do banco suíço de vender seu braço de gestão no País foi antecipada pelo NeoFeed em novembro. Segundo Pessoa, as conversas com a JGP ocorreram no fim do ano passado, em paralelo com as negociações com a Julius Baer. Antes dessas duas aquisições, no ano passado, o banco comprou um family office em Miami chamado Greytown Advisors.

As aquisições demonstram as pretensões do BTG Pactual na parte de wealth management, um segmento com modelo de negócio que apresenta receita previsível e tem demonstrado resiliência num ambiente de juros altos, segundo destacou o Goldman Sachs à época da aquisição da operação brasileira do Julius Baer.

A parte de wealth management e personal banking registrou no quarto trimestre um wealth under management (WuM) um aumento de 26,3% no quarto trimestre, em base anual, para R$ 901 bilhões. Ao fim do primeiro trimestre de 2025, a área atingiu a marca de R$ 1 trilhão de WuM.

Ao longo de 2024, o net new money (NNM) do segmento totalizou R$ 150,6 bilhões, um aumento de 21,2% em relação a 2023. No ano passado, a divisão registrou uma receita recorde de R$ 3,8 bilhões, aumento de 23%. Segundo o BTG Pactual, desde 2020, as receitas expandiram 4,4 vezes e o WuM cresceu 3,5 vezes.

O BTG Pactual também adotou a estratégia de M&A para fortalecer a sua asset. No fim do ano passado, o banco adquiriu a gestora Clave Capital, na qual já detinha uma participação. Um dos objetivos da operação era trazer Rubens Henriques para que assumisse a BTG Asset Management na América Latina.

A respeito da possibilidade de novas aquisições para a parte de wealth management e para family offices, Pessoa afirma que tudo dependerá de encontrar ativos com equipes que tenham um "fit de cultura", estejam no preço certo e que ampliem a capacidade do BTG Pactual de encontrar clientes latino-americanos no mundo.

Ele destaca que não tem nada de imediato para anunciar, mas que está de olho no mercado. "Brinco que não vamos comprar um family office que atende clientes poloneses na Europa", diz.

A aquisição da JGP Wealth Management está sujeita ao cumprimento de condições precedentes, como a aprovação do Banco Central e de outras autoridades regulatórias.

As units do BTG Pactual fecharam o pregão de hoje com alta de 2,03%, a R$ 34,25. No ano, acumulam alta de 26,4%, levando o valor de mercado a R$ 161,3 bilhões.