A XP Inc. acertou uma nova participação no Grupo Primo, empresa de educação e finanças com quase R$ 10 bilhões de consultoria e gestão. O aporte, realizado no fim do ano passado, não foi divulgado pelas companhias.

As informações foram apuradas pelo NeoFeed, que teve acesso a um e-mail interno do Grupo Primo, que foi enviado em dezembro de 2024.

Na mensagem assinada por Thiago Nigro, sócio-fundador do Grupo Primo, ele comunica que foi realizada e a venda de 17,3% da empresa por R$ 197,3 milhões, o que avaliava a empresa em R$ 1,138 bilhão.

O e-mail também informa que a finalização do processo de venda ocorreu após due diligence feita por parte da XP com a PwC e a Grant Thornton.

A XP, que já era sócia da empresa, na renegociação passa a ser uma sócia preferencialista, não tendo assento no conselho de administração do Grupo Primo nem direito a voto - prerrogativas que antes ela detinha. “Seus direitos ficam restritos aos temas econômicos – e o controle da companhia fica na mão da partnership”, diz o texto.

O e-mail termina de forma motivacional dizendo que a empresa está no caminho para ter R$ 100 bilhões de assets under custody (AUC) em cinco anos. E que, em poucos anos, o Grupo pode ser avaliado em mais de R$ 10 bilhões.

Procurados pelo NeoFeed, Grupo Primo e XP não quiseram comentar as informações.

Fontes a par do assunto afirmam que essa nova fatia estava prevista na negociação entre as empresas em 2020, quando a XP passou a ser sócia do Grupo Primo. No contrato negociado, há clausulas de aumento da participação caso metas de crescimento sejam atingidas - o que ocorreu e levou à compra de mais 17,3% da empresa.

No entanto, a participação total no Grupo Primo é desconhecida. A última vez que a XP publicou discriminadamente a sua participação no negócio foi justamente em 2020, afirmando deter 20%. Ao longo desse tempo, o Primo fez rearrumações societárias com aquisições, o que diluiu a participação dos sócios.

Nesse período, o Grupo Primo comprou a gestora Grão; a consultoria Portfel; a companhia de educação voltada a formação de profissionais do mercado financeiro a TopInvest; a Edufinance, especializada em valuations; e a Paradigma Education, casa de análise voltada ao mercado de criptomoedas.

Desde então, a XP opta por divulgar em seu balanço o total investido em “empresas associadas”, ou seja, todas as suas investidas. Em dezembro de 2023, a XP tinha um total de R$ 3,108 bilhões investidos em "associates and joint ventures". Já em dezembro de 2024, esse valor saltou para R$ 3,518 bilhões.

A aquisição dessa nova fatia do Grupo Primo pela XP explica alguns elementos de um vídeo postado em janeiro deste ano por Thiago Nigro no seu canal Primo Rico, no YouTube, com o título “O Fim do Rumo ao Bilhão”.

Logo no início do vídeo, Nigro recebe um Pix de mais de R$ 115 milhões na sua conta da XP. E diz que não pode perder tempo para fazer o dinheiro render.

No capítulo 5 do vídeo, ele explica que após a venda de “uma participação minoritária da empresa para uma outra grande empresa do mercado financeiro” decidiu encerrar o quadro Rumo ao Bilhão porque “o nome já não tem mais sentido”.

Ao final, ele diz que em algum momento seria postado os detalhes. Mas até hoje, nada havia saído a respeito. Nigro lembra que em 2019 chegou ao seu primeiro milhão, e assim mudou o nome do seu quadro do "Rumo ao Milhão” para “Rumo ao Bilhão”. E, por isso, o quadro passaria a ser “Rumo ao Trilhão”.

E explica que essa meta começa com o investimento de R$ 100 milhões que ele fará junto com os espectadores. E que agora (na data de postagem do vídeo) o Grupo Primo tem R$ 8,5 bilhões de AuC, mas chegará ao trilhão.

Ele também dá números da empresa, que hoje fala com 40 milhões de pessoas. Em 2021 havia 185 pessoas na operação e a receita foi de R$ 120 milhões. Em 2024, já havia mais de mil pessoas envolvidas com faturamento de R$ 250 milhões. Sendo uma empresa de mais de 200 mil clientes de educação ativos e mais de 150 mil investidores.

Isso porque hoje o Grupo Primo deixou de ser uma empresa de educação para ser do mercado financeiro, com a gestora Grão e a consultoria Portfel fechando 2024 com quase R$ 9 bilhões sob consultoria e gestão.

Ele acrescenta que a empresa já tem meta para chegar aos R$ 100 bilhões sob custódia e gestão, e almeja o R$ 1 trilhão.

A Portfel é hoje a maior consultoria de investimentos do País, seguida pela Nord Wealth e o Clube de Valor.

O número de consultorias de investimento mais que dobrou desde 2020, e chegou a 593 no ano passado. No entanto, a mortalidade delas é de cerca de 50%, como mostrou o NeoFeed. E a tendência é esse mercado continuar crescendo e se consolidar. E a aposta é que as maiores cresçam ainda mais.