No mercado brasileiro de gestão de investimentos, a governança corporativa é uma das práticas mais importantes para o investidor. É ela que forma regras, princípios e processos para a perpetuidade de um negócio. Mas em um momento em que muitas casas estão no “modo sobrevivência”, poucas conseguem evoluir essas diretrizes.
Quem realiza, se diferencia. É o que a Mont Capital busca ao formalizar a criação de um conselho independente. Se poucas assets têm esse órgão consultivo, os sócios-fundadores Anderson Luz e José Mauro Ferraz viram uma oportunidade de ter nomes que possam ajudar na adoção de novas tecnologias, como a inteligência artificial, sem que isso afete ou prejudique a credibilidade do negócio.
“Esse conselho combina competências distintas para amplificar iniciativas de negócios, como a otimização operacional e a adoção da inovação para termos um crescimento significativo do patrimônio sob gestão”, diz Luz ao NeoFeed.
A criação do conselho é vista como parte estratégica e decisiva para a Mont Capital chegar a R$ 15 bilhões de patrimônio sob gestão em 2027. Com R$ 1,4 bilhão sob gestão, o objetivo é fechar este ano acima de R$ 2,5 bilhões.
Formado por Leonardo Santos, CEO e fundador da Semantix; Claudia Goulart, ex-CEO da GE na América Latina; Guilherme Martins, presidente do Insper; e Gabriel Campos, head de tech IA no iFood e co-fundador da Hekima, o conselho da Mont Capital vai ser reunir uma vez por mês para dividir a visão estratégica com os sócios da gestora.
A primeira ideia concebida no conselho foi a adoção de uma ferramenta de IA para desafogar a mesa de operações da gestora. A Mont Capital está usando, desde o começo de março, a inteligência da OpenAI para agilizar o tempo de resposta dos processos para os parceiros, o que gera a economia de horas de atendimento.
“Para a quantidade de carteiras que temos, não consigo ter o mesmo número de pessoas para dar o suporte. Mas a tecnologia me permite ter escala sem aumentar o time”, diz Ferraz.
A Mont Capital detém pouco mais de 3,6 mil carteiras administradas e, ao contrário do agente autônomo, tem a gestão discricionária do patrimônio dos clientes. Na gestora, são 16 desenvolvedores concentrados na tecnologia e 12 pessoas em diferentes áreas dos investimentos.
Criada em 2015 como uma estrutura de multi family office para clientes de varejo, os sócios da Mont Capital viram, naquele momento, uma oportunidade de migração para os clientes dos grandes bancos. A partir de 2020, entenderam que fazia sentido pivotar a operação do varejo para o B2B.
Há três anos, a gestora virou toda a plataforma para os wealth planners, profissionais certificados que fazem gestão do patrimônio das famílias, que começa na alocação de recursos nos melhores investimentos e chega na sucessão. Atualmente, existem 425 planejadores financeiros ligados na Mont Capital.
“Ele indica o cliente para a nossa plataforma. E como ele não tem toda a estrutura jurídica para se plugar em XP ou BTG, utiliza a nossa estrutura tecnológica”, diz Luz, que também está em Avenue, RB Investimentos, Órama, Genial e Ágora.
Além do Brasil, existem wealth planners que atendem clientes brasileiros no Chile, nos Estados Unidos e em Portugal. Da reunião do conselho já surgiu a ideia de chegar à Colômbia neste ano.
“Todos os meios que vamos identificando que eu consiga viabilizar trazer tíquetes menores eu trago para dentro de casa”, diz Ferraz.
Ao contrário dos grandes family offices que trabalham com fortunas acima de R$ 5 milhões, a Mont Capital enxerga oportunidades em clientes que variam entre R$ 300 mil e R$ 1,5 milhão. Atualmente, o tíquete médio das carteiras está perto de R$ 600 mil.