O fim de ano está agitada no escritório da Nomos. A assessoria de investimento plugado à XP com R$ 7 bilhões sob custódia e mais de 160 mil clientes, recebeu no início deste mês a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para operar uma gestora de patrimônio. Alguns dias depois, para complementar a grade de serviços para o investidor mais private, incorporou uma boutique de M&A.

“A criação da gestora de patrimônio é um caminho natural para o nosso crescimento e para chegar às grandes fortunas", diz Illan Besen, sócio responsável pelo wealth da Nomos, em entrevista ao NeoFeed.

Ele complementa: "Iremos fazer acompanhamento patrimonial completo por meio de fundos exclusivos e poderemos dar acesso a produtos mais diferenciados”.

A gestora de patrimônio da Nomos nasce com cinco profissionais dedicados. Por meio dela, o objetivo é atender clientes com pelo menos R$ 5 milhões para investir no modelo fee based, em que uma taxa anual é cobrada sobre o montante gerido.

Ao expandir o seu ecossistema de serviços para avançar no público private com o lançamento da vertical de wealth management, a Nomos também sentiu a necessidade de  fortalecer a sua área corporate e internalizar emissões no mercado de capitais e outras soluções.

Para isso, a Nomos incorporou a Astoria, uma boutique de fusões e aquisições que participou de operações recentes como a venda da São Francisco Saúde para a Hapvida por R$ 5 bilhões, do Grupo Santa Mônica Saúde para a Notredame Intermédica por R$ 233 milhões e da Inlab Laboratórios para o Grupo Fleury por R$ 90 milhões.

O acordo foi fechado por meio de troca de ações em 12 de dezembro, com a absorção da equipe de cinco funcionários. O foco serão operações do middle market, tanto para fusões e aquisições, como para estruturação de dívidas e emissões no mercado de capitais, como CRI/CRA e Fidcs.

“Ajudamos na fusão da BRA e da BS, então já nos conhecíamos e vimos que havia fit cultural em trabalhar com calma com foco nas necessidades do cliente. E com a Nomos ganhamos um grande aquário de originação”, diz Fabio Xavier, fundador da Astoria e agora líder da área de M&A na Nomos.

A Nomos é fruto da fusão de três grandes escritórios de investimentos do País. A BRA e a BS, cuja expertise é atender o chamado varejão, focando no investidor que gosta de operar direto na corretora. E a R5, escritório do Sul que se junto ao grupo em dezembro de 2022, estava mais voltada para o atendimento da alta renda e private.

nomos sócios
Illan Besen, Paulo Hegg, Rodrigo Imperatriz e Fabio Xavier, sócios da Nomos

Os novos serviços estarão disponíveis nas seis cidades em que a Nomos está presente: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Balneário Camboriú, Joinville e Curitiba. A expectativa é que as verticais tenham sinergias com a área corporate e consigam atrair grande volume de recursos.

Para 2024, a corretora

As novas áreas fazem parte do grande plano da Nomos de se tornar uma corretora em 2024. A empresa já fez a solicitação ao Banco Central e aguarda o retorno no primeiro semestre.

“Precisávamos nos diversificar para nos tornarmos uma corretora. Ganhamos bastante musculatura como assessoria e estamos nos preparando para este novo passo, e aprendendo muito no processo”, afirma Rodrigo Imperatriz, CEO da Nomos.

Depois da EQI entrar com pedido para se tornar uma corretora com o BTG (concretizado em julho deste ano), a XP elegeu cinco escritórios para seguirem o mesmo caminho com ela como sócia: Messem, Faros, Monte Bravo, Blue3 e a Nomos.

A Monte Bravo, com R$ 35 bilhões sob custódia, atingiu esse objetivo em outubro deste ano. Já Messem e Faros, que se uniram para formar a Fami Capital, com R$ 65 bilhões sob gestão, desistiram do processo avaliando que a nova regulação para assessores de investimento, que permite o sócio capitalista, tornou desnecessária a mudança.

Se há expectativa sobre a decisão da Blue3, na Nomos isso nunca foi um questionamento, mesmo sendo o menor em termos de custódia. O seu diferencial sempre foi ter o maior número de clientes e, com isso, um maior volume de intermediação.

“Pode ser que alguns escritórios tenham querido ser corretora pelos motivos errados e estão repensando com a nova regulação. Nós sempre fomos uma operação diferente, mais focada em corretagem, autosserviço e tecnologia. Para nós ser uma corretora é ter maior domínio do nosso core business”, diz Imperatriz.

Ele acrescenta: “Com R$ 7 bilhões sob custódia, e as receitas que geramos, já paramos de pé como corretora. Mas obviamente queremos crescer muito mais, já que seremos uma estrutura mais parruda e almejamos ter todo um ecossistema de investimentos”.

Se 2023 foi um ano de preparação para essa transição, integrando por completo as fusões dos escritórios, atendendo aos pedidos do Banco Central e criando novas frentes de negócio, 2024 será o ano para pôr o pé no acelerador e crescer.

A meta é aumentar em 50% o número de clientes e chegar a 250 mil, atingindo R$ 12 bilhões sob custódia. E as novas áreas, que atingem tíquetes maiores, são fundamentais neste plano.