A Ticker Research, casa de análise independente fundada em 2021, com cerca de 2.800 assinantes ativos, recebeu autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como consultoria e lançou uma área de wealth no fim do ano passado. Em poucos meses, já chegam a R$ 212 milhões sob consultoria e acreditam poder alcançar R$ 1 bilhão até o fim de 2024.

A ideia de abrir um braço de consultoria veio da percepção de que uma casa de análise pura não parará de pé nos próximos anos e era necessária uma estrutura para ajudar formalmente os assinantes das análises que já demandavam uma ajuda com os investimentos.

“Entendemos que, isolado, o research é uma estrutura decadente. Da mesma forma que a corretora, que ganhava dinheiro com corretagem e aos poucos foram zeradas e foram buscar outros modelos de remuneração, entendemos que a tendência é o research ser gratuito, pois as corretoras e bancos já oferecem para os clientes gratuitamente”, afirma Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research.

Com uma consultoria, eles agregariam serviço e valor e criaram um wealth. A área tem duas vertentes. Uma é mais uma consultoria de investimentos, que ajuda o cliente a investir o seu dinheiro. Os assinantes da casa de análise ganham esse serviço gratuitamente.

E há um wealth tradicional, fazendo um acompanhamento financeiro mais completo, que monta carteiras de investimentos com diferentes finalidades do cliente e também o ajuda com questões tributárias, de seguros e outros serviços. Nessa divisão, o foco são clientes com mais de R$ 500 mil para investir, mas o tíquete médio está acima de R$ 1 milhão.

“O serviço de wealth se traduz em consultoria personalizada, com reuniões mensais sendo realizadas entre o cliente e um consultor de investimentos da Ticker Wealth, onde é tratado desde planejamento financeiro, tributário, sucessório e, é claro, personalização de estratégias de investimentos, visando atender necessidades individuais de cada cliente”, explica Danilo Bastos, sócio-fundador da Ticker Research.

O modelo de cobrança é uma taxa percentual sobre o patrimônio consultado, que varia de acordo com o tamanho e serviços solicitados, entre 0,3% a 0,6% ao ano - ou pode ser uma taxa fixa, com o piso de R$ 100 por mês.

Os primeiros clientes vieram da base de assinantes, em uma conversão que chega a 70%. Mas o restante veio de fora, por recomendação. Quem adere ao wealth passa a receber os researchs da casa no pacote.

Agora, já são R$ 212 milhões sob consultoria, o que surpreendeu a casa, que pretendia fechar 2023 com cerca de R$ 100 milhões. Com isso, os planos para 2024 estão ambiciosos.

“Ficamos impressionados com a aderência ao modelo e acreditamos que podemos escalar isso em 2024. Nossa estimativa conservadora é chegar a R$ 500 milhões, mas acreditamos ser possível bater R$ 1 bilhão até o fim do ano”, diz Sanches.

Hoje, são 16 consultores que atendem os clientes, sendo que a maioria são externos, e assim, responsáveis por prospectar. Esse é o modelo que a casa aposta em expandir para crescer neste ano. A meta é chegar a 100 consultores até o fim do ano.

E, como a maioria dos wealths, comissões de investimento são devolvidas na forma de cashback em operações com corretoras parceiras. Hoje, há um contrato com XP, Órama, Warren e Avenue.

Mas a casa de análise inovou ao estender esse benefício também aos clientes assinantes, que não estão no wealth. O cliente avisa a casa que quer o benefício do casback e a Ticker comunica a corretora que passará a intermediar por ele para devolver as comissões. Com isso, ele deixa de ter um assessor na corretora na qual opera.

“A Ticker desvincula o assinante do assessor, que passa a ser atendido pelo nosso time, e faz com que todas as taxas descontadas dos investimentos, que iriam remunerar o assessor, caiam de volta na conta do assinante, gerando valor imediato e eliminando qualquer possibilidade de conflito de interesse”, afirma Bastos.

O avanço da Ticker Research no modelo de consultoria é mais um capítulo do amadurecimento desse mercado. E também da busca de um modelo de negócio sustentável entre as casas de análise. As maiores decidiram se juntar a uma grande estrutura: Empiricus com o BTG; Suno e Eleven com a XP.

De forma independente, ficaram poucas. A Nord Research, lançou seu wealth em 2020, e hoje tem cerca de R$ 3 bilhões sob consultoria. A Suno escolheu um caminho parecido, lançando uma assessoria de investimento vinculada à XP, que usará o seu research como diferencial. O que indica um novo futuro para as casas de análises no Brasil.