Depois de uma série de idas e vindas ao longo dos últimos anos, dois ícones do varejo de luxo dos Estados Unidos estão se unindo, num acordo de US$ 2,65 bilhões que contou com a "benção" da Amazon.
O controlador da Saks Fifth Avenue, o conglomerado de varejo HBC, anunciou nesta quinta-feira, 4 de julho, que fechou um acordo para adquirir a Neiman Marcus, numa operação que resultará na criação de um dos maiores nomes de lojas de departamento de alto padrão, com vendas anuais na casa dos US$ 10 bilhões e mais de 150 unidades.
A Amazon ficou com uma fatia minoritária na nova companhia, que se chamará Saks Global, e vai prover tecnologia e expertise na parte de logística, segundo o jornal The Wall Street Journal. Quem também terá uma participação na empresa é a Salesforce.
O HBC, que adquiriu a Saks em 2013, está financiando a aquisição com US$ 2 bilhões que levantou com investidores, enquanto afiliados da Apollo Global Management estão fornecendo US$ 1,15 bilhão em dívida.
A empresa será comandada por Marc Metrick, atual CEO da operação online da Saks, e as lojas continuarão operando sob as atuais marcas.
A união da Saks com a Neiman Marcus ocorre após meses de negociações e no momento em que os consumidores estão gastando menos em artigos de luxo e com as principais marcas investindo em suas próprias lojas flagship nos Estados Unidos, além de suas plataformas online.
Os donos das principais marcas de luxo também vêm consolidando nomes, se tornando gigantes, a ponto de não depender de varejistas como Saks e Neiman Marcus.
A LVMH é dona das marcas Christian Dior e Louis Vuitton, possui mais de 6 mil lojas pelo mundo e registrou no ano passado um faturamento de € 86,1 bilhões. Nos Estados Unidos, uma fusão pode colocar, sob o mesmo teto, as marcas Coach, Michael Kors, Kate Spade, Versace, Jimmy Choo e Stuart Weitzman, com uma receita anual de mais de US$ 12 bilhões.
A aposta é que, juntas, as empresas podem lidar melhor com este cenário adverso do que separadas. A Neiman Marcus, que chegou a ter diversos private equities como donos, entrou com um pedido de recuperação judicial em 2020, pressionada por um endividamento elevado, na casa dos US$ 5 bilhões, além das consequências do fechamento das lojas por conta da pandemia de Covid-19.
O consumo de luxo desacelerou nos últimos anos, depois da demanda reprimida na época da pandemia. A alta da inflação também pesou, especialmente entre os chamados “consumidores aspiracionais”, que desejam possuir artigos de luxo, mas têm orçamento limitado.
Uma pesquisa da consultoria Bain &Co. aponta que os gastos com artigos de luxo nas Américas recuou cerca de 8% entre 2022 e 2023, enquanto as vendas tiveram alta na Ásia e na Europa.
Nos Estados Unidos, em particular, as lojas de departamento vêm sofrendo nos últimos anos, sejam elas de luxo ou para o público com poder aquisitivo menor. A Macy’s está fechando 150 lojas, além de enfrentar investidas de investidores ativistas. Já a família que controla a Nordstrom está tentando novamente fechar o capital da empresa.