O avanço da inteligência artificial (IA) tem feito os analistas revirarem o mercado em busca das companhias que podem se beneficiar da tecnologia, mesmo que não desenvolvam aplicações ou estejam construindo o próximo grande modelo de linguagem.
Nesse processo de procura, a XP Investimentos vê na Weg uma empresa que pode aproveitar a onda, diante da perspectiva de aumento da demanda por energia. Mas os analistas Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes avaliam que a companhia deve ir além de se aproveitar apenas da demanda prevista pela IA.
Para eles, o mundo deve passar por um novo ciclo de investimentos na rede elétrica, e isso deve criar uma série de oportunidades para a companhia de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina.
Diante desses fatores, eles decidiram elevar a recomendação para as ações da Weg de neutro para compra e ajustar o preço-alvo dos papéis para cima, de R$ 35 para R$ 54, vendo um potencial de alta de 17% em relação à cotação atual.
“O entusiasmo em torno da IA e dos data centers criou uma narrativa de crescimento atraente para empresas expostas à eletrificação”, diz trecho do relatório.
“No entanto, acreditamos que isso pode ser apenas a ponta do iceberg, com um aumento geral na demanda de energia em todo o mundo e um grande pipeline de investimentos na substituição de infraestrutura elétrica como os principais impulsionadores de crescimento para uma fabricante de equipamentos como a Weg”, completam.
O aumento da demanda por energia para suportar os data centers ligados à IA - e também para atender outros segmentos da economia, como mobilidade - deve fazer com que os investimentos nas redes elétricas apresentem uma taxa anual de crescimento composta (CAGR, na sigla em inglês) de 6% no período de 2025 a 2030.
Segundo o relatório da XP, uma parcela relevante dos investimentos previstos devem vir de Europa e Estados Unidos, cujas redes são mais antigas.
Somente a IA deve dar um forte impulso na busca por equipamentos voltados para eficiência energética. O relatório aponta que a parcela dos data centers no consumo de energia nos Estados Unidos pode subir dos atuais 4% para 9,1% até 2030, considerando uma aceleração da adoção da tecnologia.
Apesar de verem sinais positivos quanto à demanda por equipamentos, em parte puxada pela IA, os analistas da XP avaliam que ainda deve levar um tempo para que isso se materialize na receita da Weg.
“Embora reconheçamos o ambiente positivo para investimentos nas redes elétricas, continuamos vendo o aumento das aplicações de IA como um vento favorável de segunda ordem para a Weg (pelo menos por enquanto), com impactos limitados no nosso crescimento a médio prazo expectativas”, diz trecho do relatório.
No curto prazo, os analistas da XP veem “ventos favoráveis” vindo de outros cantos. Um deles é o melhor sentimento em relação a nomes relacionados a commodities, refletindo nas recentes revisões de capex para cima, implicando em um melhor impulso de receita para o negócio de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais (EEI).
A depreciação do real é outro fator positivo, tendo um efeito positivo na receita oriunda do exterior, além da aquisição da operação de motores elétricos industriais e geradores da Regal Rexnord. O acordo de US$ 400 milhões, firmado em setembro do ano passado, deve apoiar o crescimento dos resultados, aproveitando o bom momento da economia americana e o potencial de sinergias.
Por volta de 12h4e, as ações WEGE3, da Weg, subiam 0,15%, a R$ 46,58. No ano, os papéis acumulam alta de 27,4%, levando o valor de mercado a R$ 195,4 bilhões.