O boom das novas tecnologias e da inteligência artificial (IA) parece distante dos investidores brasileiros sem acesso para comprar diretamente ações de Nvidia, Taiwan Semicondutor Manufacturing (TSM), AMD, entre outras. Nem mesmo os fundos de índice listados em bolsa - os ETFs - tinham aproveitado esse momento.
Na Nasdaq, o VanEck Semiconductor ETF chama a atenção. Com US$ 25 bilhões sob gestão, esse ETF acumula mais de 370% de valorização em cinco anos. Nos últimos 12 meses, a alta supera os 71%.
Como em time que está ganhando não se mexe, a gestora brasileira Investo dá início na quarta-feira, 17 de julho, à negociação do ETF CHIP11, que replica o VanEck Semiconductor ETF, na B3.
A versão brasileira calcula estrear com R$ 5 milhões e movimentar "centenas de milhões" ao longo dos próximos meses, sendo negociada a R$ 110 a cota. O fundo acompanhará o desempenho das 25 principais empresas do setor de semicondutores, como Nvidia, Intel, Qualcomm, AMD e Broadcom em todo o mundo. O foco está no mercado dos Estados Unidos, a carteira também inclui empresas de outros países, como Taiwan e Holanda.
“Nossa intenção é trazer as peças que faltam para compor um portfólio consistente, com foco em longo prazo”, afirma Cauê Mançanares, CEO da Investo, em entrevista ao NeoFeed. “O CHIP11 é mais uma dessas peças, que aproveita também um bom momento regulatório para o setor.”
Nos últimos anos, o Brasil vivenciou um aumento representativo no número de ETFs disponíveis na B3, que ultrapassou a casa dos 80. O número de investidores também cresceu muito e superou os 600 mil. Destes, 50 mil investem em um dos 18 fundos de índice disponibilizados pela Investo, que tem pouco mais de R$ 1 bilhão sob gestão em fundos passivos no Brasil.
Investo e VanEck se aproximaram em 2022 quando a gestora brasileira especializada em ETFs criada por Mançanares e Luiz Júnior recebeu um seed money de US$ 8 milhões que entre os investidores estava a gestora americana focada em ETFs com mais de US$ 90 bilhões em ativos.
“A indústria de fundos no Brasil movimenta em torno de R$ 8 trilhões e cresce cerca de 20% ao ano, o que mostra que o mercado não está nascendo agora. Assim, olhando para os próximos 5 a 10 anos, nós acreditamos que o segmento ultrapassará os R$ 10 trilhões, sendo 10% dessa alocação destinada a ETFs, se olharmos de forma otimista”, afirma Mançanares.
Atualmente, os fundos de índices somam pouco menos de R$ 50 bilhões no Brasil, que representa 0,5% do total aportado em fundos no país. Se comparado ao mercado americano, onde 30% do valor investido no mercado de fundos é destinado a ETFs, existe uma avenida gigante a ser explorada.
“Mesmo que nós multipliquemos o nosso mercado em 10 vezes, ele ainda representaria 5% do setor, o que ainda é muito pouco comparado com as tendências que vemos no mundo todo”, diz o executivo.
O impulso da IA pode ajudar também os ETFs. O mercado de semicondutores movimentou mais de US$ 550 bilhões apenas em 2023, impulsionado pelo aumento do uso de novas tecnologias como a Inteligência Artificial e até mesmo de dispositivos que estão presentes em nosso dia a dia, como os smartphones.
Até 2027, o faturamento do setor deve ultrapassar os US$ 730 bilhões no mundo, de acordo com o estudo realizado pelo site de inteligência de mercado Statista.
Atualmente, o Brasil ocupa o sexto lugar na lista das maiores receitas provenientes da produção de semicondutores. A China continua sendo a potência no assunto, enquanto Estados Unidos e Japão completam o top 3.
O executivo ressalta que, na visão dos analistas especializados no segmento de semicondutores, os próximos 24 meses serão de amplo crescimento, pois a tecnologia não retrocede.