O relatório de produção de óleo e gás da Petrobras no segundo trimestre, divulgado na segunda-feira, 29 de julho, trouxe dados que apontam para um resultado financeiro um pouco abaixo do esperado em relação ao primeiro trimestre, segundo o BB Investimentos.

Houve redução da produção de petróleo na mesma base de comparação, num momento em que o Brent esteve “ligeiramente mais alto”. Ainda assim, o analista Daniel Cobucci aproveitou o momento para rever sua avaliação a respeito da tese de investimento da estatal.

Depois de rebaixar a recomendação para as ações preferenciais a neutro em maio, ele retomou a indicação de compra, mantendo o preço-alvo em R$ 47 para o fim de 2024 - pouco mais de 28,5% de ganho sobre o preço de tela.

A decisão foi tomada considerando os múltiplos em que os papéis da companhia estão sendo negociados e a manutenção de políticas que o analista considera fundamentais para a companhia.

“Alguns riscos que avaliamos quando da nossa mudança de recomendação não se concretizaram, notadamente mudanças na alocação de capital e nas políticas de dividendos e comercial, cuja dinâmica atual vemos como favorável”, diz trecho do relatório.

A melhora da recomendação demonstra o alívio visto no mercado em relação ao que se esperava para a companhia até pouco tempo atrás. Quando Cobucci decidiu pela indicação neutra para as ações, a Petrobras vinha passando por uma troca de comando, duramente influenciada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois da disputa envolvendo os dividendos extraordinários.

O receio era que a saída de Jean Paul Prates colocasse fim aos recordes financeiros e operacionais, além das políticas comerciais e de dividendos alinhadas ao que seus pares internacionais praticam. A demissão de Prates fez as ações preferenciais da Petrobras recuarem 6,04% no pregão de 15 de maio, a R$ 37,34.

“A dúvida é pertinente porque, em se tratando de uma empresa estatal e listada em bolsa, existe uma inerente divergência entre os interesses de alguns dos stakeholders da companhia, notadamente entre minoritários (que buscam retorno mais imediato e de menor risco) e o controlador (que pode ter uma visão estratégica de longo prazo, incluindo investimentos mais arriscados)”, escreveu o analista do BB Investimentos na ocasião.

Passados mais de dois meses da decisão, com Magda Chambriard assumindo o comando da Petrobras no final de maio e não alterando significativamente os rumos da companhia, Cobucci entende que os riscos estão reduzidos e que as ações estão fortemente descontadas, deixando a tese mais atrativa.

Ele destaca que o rendimento sobre fluxo de caixa livre (FCL yield) está agora em 1,04 vez, ante uma média de 1,22 vez nos últimos dez anos. Já o EV/Ebitda está em 2,8 vezes, ante seus pares internacionais, que são negociados a uma média de 4,2 vezes.

“São descontos respectivos de 15% e 32% que sugerem potencial relevante de valorização”, diz trecho do relatório. “Juntando tais fatores com o upside potencial em relação a nosso preço-alvo por fluxo de caixa descontado (DCF), em média de 22,7% para ambas classes de ações, elevamos nossa recomendação para compra.”

Por volta das 15h40, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) recuavam 0,84%, a R$ 36,57. No ano, elas acumulam alta de 9%, levando o valor de mercado a R$ 498 bilhões.