Diante de um imbróglio geopolítico e regulatório que já se estende por meses, não é possível dizer se a chinesa ByteDance será bem-sucedida em sua tentativa de abrir capital. Mas há quem crave que, à parte dessa saga, a dona do TikTok é hoje a maior “pechincha” do mercado.

Esse é o caso do portal americano The Information, que, para chegar a esse veredito, parte dos números mais recentes da operação, relativos ao primeiro semestre de 2024, quando a companhia ampliou sua receita em 35%, para US$ 73 bilhões.

A publicação destaca que, ao alcançar esse patamar de receita, a ByteDance já é quase tão grande quanto a Meta, dona do Facebook, mas está crescendo mais rápido. No mesmo intervalo, a gigante americana registrou uma receita de US$ 75,5 bilhões, o que representou uma alta anual de 25%.

Entretanto, mesmo nesse cenário, a Meta está avaliada em US$ 1,4 trilhão. Enquanto a avaliação da ByteDance no mercado secundário de ações privadas é de aproximadamente US$ 250 bilhões, segundo a CapLight, que coleta dados com investidores nesse espaço.

Há outros cálculos para justificar essa conta. Em um exercício, o portal projeta que a ByteDance manterá sua taxa de crescimento no segundo semestre, o que deve gerar uma receita de cerca de US$ 150 bilhões no fim de 2024.

Isso implicaria que a empresa está sendo negociada a 1,7 vez sua receita de 2024, um tipo de múltiplo geralmente atribuído a um negócio que não está crescendo. A Meta, por sua vez, está sendo negociada a cerca de 8,7 vezes sua receita estimada para 2024, segundo a S&P Global Market Intelligence.

O The Information aponta, porém, que as margens de lucro da empresa americana são superiores às da ByteDance. No primeiro semestre, a Meta apurou uma margem de lucro operacional de 38%. Na companhia chinesa, esse indicador ficou em 25%, contra 30% um ano antes.

Mesmo essa distância não justificaria a diferença no valuation entre as duas companhias. Um dos grandes motivos por trás dessa lacuna parece ser, de fato, os obstáculos que a companhia vem enfrentando em sua abertura de capital.

Outro ponto central nesse cenário é a ameaça que o TikTok enfrenta na regulação americana, a partir de uma lei aprovada em abril, que exige que a plataforma corte seus laços com a ByteDance. Caso contrário, será banida no país.

A opinião é de que nem mesmo uma vitória de Donald Trump na eleição americana possa mudar essa situação, embora o candidato já tenha dito que “era a favor do TikTok”, com a justificativa de que era necessário manter a competição com a Meta.