A FTX, corretora de criptomoedas que teve sua recuperação judicial aprovada em outubro deste ano, com um plano que inclui o ressarcimento de 100% dos valores perdidos pelos clientes com o processo de lavagem de dinheiro e corrupção do fundador e ex-CEO Sam Bankman-Fried, resolveu ir para cima da Binance.

A companhia entrou com um processo contra a Binance e seu ex-CEO, Changpeng Zhao, na tentativa de recuperar quase US$ 1,8 bilhão que alega terem sido transferidos de forma fraudulosa por Bankman-Fried. Zhao foi condenado a quatro meses de prisão por lavagem de dinheiro, mas já deixou a prisão.

De acordo com documentos legais divulgados no domingo, 10 de novembro, os valores foram transferidos para a Binance como parte de um acordo de recompra de ações realizado em julho de 2021. Na transação, os executivos venderam participações de aproximadamente 20% na unidade internacional da FTX e 18,4% na divisão dos Estados Unidos.

Na época, Bankman-Fried, que atualmente está preso, pagou pela recompra de ações usando uma combinação do token da FTX, o FTT, e das moedas da Binance, BNB e BUSD, avaliadas em US$ 1,76 bilhão, segundo o processo.

De acordo com os documentos, a FTX e sua empresa irmã Alameda Research “podem ter sido insolventes desde a sua criação e certamente apresentavam insolvência de balanço no início de 2021”. Desta forma, a transação de recompra de ações foi considerada fraudulenta pela Justiça.

Além do dinheiro, a liderança atual da FTX também acusou Zhao de postar uma série de “tuítes falsos, enganosos e fraudulentos” dias antes do colapso da corretora, que tinha objetivos “maliciosos de destruir sua rival”.

O caso se refere a publicação de Zhao feita em 6 de novembro de 2022, na qual ele disse que pretendia vender seus tokens da FTX, avaliados em cerca de US$ 529 milhões na época. O comunicado do ex-CEO da Binance causou uma onda de saques na FTX, que viria a ruir poucos dias depois.

“As acusações são infundadas, e nos defenderemos vigorosamente”, disse um porta-voz da Binance, em um comunicado enviado ao mercado nesta segunda-feira, 11 de novembro.

Esse não é o primeiro e provavelmente não será o último processo movido pela FTX contra seus ex-investidores, parceiros e concorrentes. Outros réus incluem o ex-chefe de comunicações da Casa Branca, Anthony Scaramucci, a exchange Crypto.com e grupos políticos como o FWD.US, fundado por Mark Zuckerberg, de acordo com os documentos judiciais.

Porém, o processo contra a Binance surge em um momento aquecido do mercado. No domingo, o bitcoin ultrapassou sua máxima histórica e segue cotado a US$ 82 mil, em alta suportada pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.