O Inter deve entregar um lucro líquido “um pouco maior” do que aponta a média das expectativas de 14 analistas que acompanham a companhia, de R$ 950 milhões, disse diz Santiago Stel, CFO do Inter, ao NeoFeed.

Se confirmado, o resultado supera, em muito, o último recorde, estabelecido em 2023, quando o banco fechou a última linha do balanço com lucro de R$ 352 milhões. E reforça a convicção do Inter em relação ao plano batizado de “60-30-30”, que está em seu segundo ano de implantação.

“Este ano foi um ano de salto de patamar muito grande”, diz Santiago Stel, CFO do Inter, ao NeoFeed. “E vamos aproveitar a situação do mercado para ganhar mais market share em 2025.”

Anunciada no começo de 2023, a estratégia 60-30-30 prevê atingir, até 2027, 60 milhões de clientes, um índice de eficiência de 30% e um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 30%. “Nós estamos entregando exatamente aquilo que tínhamos previsto entregar”, diz Stel.

Para 2025, a expectativa é continuar contando com o que deu certo neste ano. O CFO do Inter destaca que o banco vem num processo de expansão da margem financeira (NIM), que no terceiro trimestre bateu 9,6%, aumento de 0,4 ponto percentual ante o segundo trimestre e o mesmo período de 2023.

Segundo ele, a carteira continua crescendo, apoiada numa estrutura de depósito à vista robusta, gerando um custo de funding mais baixo. O Inter se apoia em produtos colateralizados e foca o crédito pessoal para sua base – 80% do crédito não colateralizado está voltado para quem já é cliente.

Essa estratégia e o uso intenso dos dados dos clientes devem ajudar a manter a inadimplência em baixa no próximo ano, levando em conta a perspectiva de piora de cenário e de estresse no mercado bancário – no terceiro trimestre, o NPL acima de 90 dias caiu 0,2 ponto percentual em base trimestral, para 4,5%.

Outro ponto é o fato de o banco ter um terço das receitas oriundas de serviços como seguros, e-commerce e investimentos. O Inter vê este segmento mantendo seu crescimento, graças a sua diversificação e a demanda da parte de comércio eletrônico. No terceiro trimestre, a receita de serviços subiu 21,1%, para R$ 541 milhões.

Esses fatores se combinam com a expansão da base de clientes, que no terceiro trimestre cresceu 19% em base anual, para 35 milhões, e com o formato de banco digital, que resulta num índice de eficiência perto de 50%, abaixo dos 52,4% no terceiro trimestre de 2023 (quanto mais baixo, melhor). “Seguimos muito atrativos num mercado brasileiro repleto de produtos”, diz Stel.

Um foco do Inter daqui para frente é a parte de pessoas jurídicas (PJ). Uma das ações para crescer nesta frente foi tomada em maio, quando o Inter assumiu 100% da adquirente Granito. O banco fechou o terceiro trimestre com 2 milhões de contas do tipo, 6% do total, boa parte deles MEIs e pequenas e médias empresas.

Para crescer nessa linha, o banco pretende plugar o serviço no app do banco e apostar no cross selling de produtos bancários do Inter para os clientes PJ e vice-versa. O Inter também quer aproveitar seu custo de funding mais baixo para oferecer produtos como antecipação de recebíveis e cartão corporativo.

No caso do plano de expansão aos Estados Unidos, que começou com a compra da fintech de câmbio Usend, em 2021, o Inter quer atingir a chamada “brazilian diaspora”, brasileiros que conhecem o banco e usam sua conta digital lá fora, um público estimado em 4 milhões de pessoas. “A marca é a nossa vantagem competitiva”, diz.

Diante dessas expectativas, fica a dúvida se o Inter voltará a pagar dividendos. Em abril, o banco anunciou a primeira distribuição de proventos, de R$ 70 milhões, 20% do lucro de 2023. Sobre isto, Stel limitou-se a dizer que é um assunto que será discutido no conselho de administração.

Negociadas na Nasdaq, as ações do Inter fecharam o pregão de quinta-feira, 19 de dezembro, com alta de 2,28%, a US$ 4,04. No ano, os papéis acumulam queda de 24,9%, levando o valor de mercado a US$ 1,7 bilhão.