Pensou em transformar um software em uma plataforma de crédito? Essa é a ideia por trás da Core AI, startup fundada por Carolina da Costa Carvalho, Fernando Martins e Enrico Francesco Damiani, que acaba de receber um aporte pré-seed da gestora de venture capital Big Bets.

A rodada contou também com a participação de investidores-anjos de renome, como Daniel Silva, fundador da Hyperplane, comprada pelo Nubank (ele, atualmente, é diretor de IA no banco digital), Fersen Lambranho, chairman da GP, e Lívia Kuga, ex-sócia da Stone, entre outros nomes.

“Crédito virou uma ferramenta de crescimento. Mas operar crédito ainda é caro e complexo”, diz Carolina. “Queremos reimaginar a experiência de crédito com inteligência artificial.”

A proposta da Core AI é eliminar a complexidade, o tempo e o custo de construir uma operação de crédito do zero. Para fazer isso, a startup redesenha fluxos com IA, une modelagem de risco, estrutura dados públicos e privados, além de automatizar processos, fluxos jurídicos, monitoramento e capital para o crédito.

A ideia é fazer parceria com empresas de software para que possam oferecer, através de seus sistemas, operações de crédito. “Acessamos as bases de dados dos clientes e entregamos o produto de crédito pronto, com integração simples, cuidando da operação de crédito do início ao fim”, diz Damiani.

A Core AI, que captou US$ 1 milhão nesta rodada, já está atuando no setor de real estate e de saúde, em casos que envolvem antecipação de recebíveis. São, atualmente, mais de 40 mil usuários ativos.

Os fundadores da Core AI: Enrico Francesco Damiani, Carolina da Costa Carvalho e  Fernando Martins 
Os fundadores da Core AI: Enrico Francesco Damiani, Carolina da Costa Carvalho e Fernando Martins

A plataforma faz a integração com o sistema de imobiliárias e pode oferecer, ao proprietário do imóvel, uma antecipação do aluguel. O mesmo vale para médicos, que prestam serviços para hospitais, mas que recebem os pagamentos, às vezes, em até 90 dias.

“Há centenas de bilhões de reais em aluguel e o fluxo financeiro passa dentro do software. E tudo poderia ser usado para crédito”, diz Martins.

De acordo com a Core AI, nesses primeiros testes, os resultados têm sido positivos: 70% da base foi pré-aprovada, a inadimplência ficou abaixo de 1% e o crédito está sendo liberado em segundos. O funding é fornecido por family offices e por alguns investidores-anjos.

Apesar de começar com real estate e saúde, o plano da Core AI é se expandir para outros segmentos. A plataforma, que não depende exclusivamente de estruturas tradicionais como bancos, financeiras ou FIDCs, pode ser usada por marketplaces, ERPs, SaaS e outros negócios que operem crédito próprio.

A ideia surgiu de experiências que o trio de fundadores tinha com a questão de crédito. Embora tenham caminhos e histórias diferentes, os três identificaram a mesma dor: não era fácil obter crédito no Brasil.

Carolina, que tem MBA pela Columbia Business School, atuou em crédito estruturado e investimentos alternativos no Mubadala, CPP Investments e Credix. Já Martins e Damiani se conheceram na Stone, onde ambos trabalharam na área de tecnologia, desenvolvendo modelos de IA para recomendação de produtos financeiros.