O Valor Capital tem mais de US$ 500 milhões em ativos sob gestão e já investiu em quase 60 startups brasileiras e americanas. Entre elas, dois unicórnios – Gympass e Loft, além de ter apostado desde o início na Stone, a companhia de meios de pagamentos abriu o capital na Nasdaq e vale US$ 22,2 bilhões.
Agora, o Valor Capital, fundo de venture capital criado, em 2014, pelo ex-embaixador dos EUA no Brasil Clifford Sobel e seu filho Scott, está aderindo à onda dos SPACs (special purpose acquisition company).
O Valor Latitude Acquisition, SPAC formado pelo Valor Capital, pretende captar US$ 200 milhões na Nasdaq para investir em uma empresa de tech na América Latina. Os bancos coordenadores da oferta são BofA Securities e o Barclays.
O prospecto protocolado na SEC (Securities Exchange Commission, equivalente a CVM no Brasil) identifica Clifford Sobel como o chairman do SPAC. Mario Mello, que foi ex-CEO do PayPal na América Latina e agora é operating partner do Valor Capital, será o CEO do Valor Latitude Acquisition.
Esse é o segundo fundo de venture capital que investe em startups no Brasil e na América Latina a recorrer a essa forma de captar recursos que se tornou uma das sensações do mercado de capitais dos Estados Unidos.
O primeiro deles foi Softbank Latin America, que está em processo de captar US$ 200 milhões através LDH Growth Corp. I. Os ‘sponsors” são Marcelo Claure, que será o chairman e CEO. Paulo Passoni e Shu Nyatta são listados como managing directors no prospecto.
Os SPACs são veículos que recebem dinheiro de investidores que acreditam na capacidade dos gestores de encontrar um bom ativo nos próximos dois anos para comprar e levá-lo para a bolsa. Como os investidores não sabem qual empresa será comprada, os SPACs são conhecidos também como companhias de “cheques em branco”.
Eles se transformaram em uma febre no mercado de capitais dos Estados Unidos. Em 2020, as companhias de “cheque em branco” alcançaram um recorde de US$ 82 bilhões captados nos Estados Unidos, segundo dados da consultoria americana Dealogic.
Neste ano, eles seguem firme e forte. Um levantamento da agência Bloomberg mostra que esse formato respondeu por 63% dos cerca de US$ 77 bilhões captados nas bolsas americanas até meados de fevereiro.
Essa tendência já chegou ao Brasil e, segundo uma estimativa realizada pelo NeoFeed, essas companhias de “cheque em branco” devem levantar – incluindo o que já foi captado e o que se espera captar – mais de US$ 1,3 bilhão para comprar ativos que vão de empresas de tech até de consumo.
O primeiro "SPAC brasileiro" foi o da HPX, anunciado no ano passado. A companhia criada pelos brasileiros Bernardo Hees (ex-Kraft Heinz), Carlos Piani (ex-Equatorial Energia) e Rodrigo Xavier (ex-Merrill Lynch) levantou US$ 220 milhões na Bolsa de Nova York (Nyse) – o tipo de ativo que pretende comprar não foi divulgado.
Neste ano, outras companhias de "cheque em branco brasileiras" foram formadas. A primeira delas foi a Itiquira Acquisition, comandada por Paulo Gouvêa, ex-sócio da EBX e da XP, que, em fevereiro, levantou US$ 230 milhões na Nasdaq para comprar um empresa da área de tecnologia, healthcare, farmácia, educação ou serviços ao consumidor no Brasil.
Logo em seguida, foi a vez da Alpha Capital, que fez uma captação de US$ 230 milhões na Nasdaq. Por trás dela estão os empreendedores argentinos Alec Oxenford (fundador da OLX) e Rafael Steinhauser (ex-CEO da Qualcomm na América Latina). Os recursos serão usados para comprar um ativo de tecnologia na América Latina.
Além do Softbank, o SPAC Waldencast Acquisition, ligadao a gestora Dynamo, pretende levantar US$ 250 milhões para criar uma holding de marcas no setor de cosméticos.