Em julho de 2020, a Alphabet, holding do Google, rompeu a barreira de US$ 1 trilhão em valor de mercado e reforçou a relação de big techs avaliadas acima dessa cifra, formada por Apple, Microsoft e Amazon.
A conquista despertou a atenção sobre quem seria a primeira do quarteto a superar a avaliação de US$ 2 trilhões. O feito foi alcançado em agosto pela Apple. A empresa da maçã permanece no topo, com um valor de mercado de US$ 2,23 trilhões. Mas não está mais sozinha nesse seleto patamar.
Durante o pregão da terça-feira, a Microsoft tornou-se a segunda empresa listada nos Estados Unidos a a alcançar essa marca. As ações da empresa encerraram o pregão de ontem na Nasdaq cotadas a US$ 265,51, alta de 1,1%. No ano, os papéis da empresa acumulam uma valorização superior a 19%.
Na cola da Apple e da Microsoft, entre as big techs, a Amazon está avaliada em US$ 1,76 bilhão. Enquanto a Alphabet chegou a um valor de mercado de US$ 1,67 trilhão. A terceira posição geral, no entanto, está com a Saudi Aramco, com uma avaliação de US$ 1,88 trilhão.
Um componente, em especial, está por trás da escalada da Microsoft no mercado de capitais. Mais conhecida até poucos anos por produtos como o sistema operacional Windows, a empresa vem ganhando tração na arena da computação em nuvem, por meio da oferta de infraestrutura tecnológica, da plataforma Azure e do pacote de softwares Office 365.
Para chegar às alturas, a Microsoft contou com o impulso gerado pela pandemia, que ampliou a demanda pelo uso de tecnologia em diversos segmentos e, por consequência, pelos serviços e infraestruturas na nuvem para apoiar essas operações.
Na visão de analistas, sob o comando do CEO Satya Nadella, a Microsoft soube se aproveitar desse cenário para consolidar seu posicionamento no segmento e se fortalecer na competição com a Amazon Web Services (AWS), braço de tecnologia da Amazon e líder no setor.
“Com a expectativa de que as forças de trabalho tenham um forte foco no modelo remoto, acreditamos que a transição para a nuvem está apenas começando a assumir seu próximo estágio de crescimento global”, escreveu, em nota, Dan Ives, analista da corretora americana Wedbush Securities.
No relatório, citado pelo site americano Business Insider, Ives definiu o preço-alvo da ação da Microsoft na faixa de US$ 310 a US$ 320, em 12 meses, atribuindo uma classificação de “desempenho superior” à companhia.
“Acreditamos que esse cenário beneficia desproporcionalmente a Microsoft, dado que a companhia está tão bem posicionada em seu quintal corporativo para implantar ainda mais a Azure e o Office 365 como o backbone e a artéria da nuvem”, acrescentou o analista.
A virada da Microsoft começou a tomar forma em fevereiro de 2014, quando o indiano Satya Nadella assumiu o comando da operação. Na época, a avaliação da companhia girava em torno de US$ 300 bilhões.
Terceiro presidente da história da companhia, Nadella, entre outras medidas, buscou reduzir a dependência da empresa em relação ao Windows que, na época, vinha perdendo terreno na esteira do avanço dos dispositivos móveis.
Nessa trajetória, a computação em nuvem, área que o executivo já tinha comandado na empresa, foi um justamente um dos novos focos escolhidos. No segundo trimestre fiscal da companhia, encerrado em 31 de dezembro, essa frente foi um dos destaques do balanço.
No período, as ofertas de computação em nuvem registraram uma receita de US$ 16,7 bilhões, alta de 34%. A receita total da companhia nesse intervalo, por sua vez, avançou 17%, para US$ 43,1 bilhões.
Como parte do status conquistado, na semana passada, Nadella foi eleito para presidir o Conselho de Administração da Microsoft. Ele irá acumular o cargo com o posto de CEO, algo que não acontecia desde que Bill Gates deixou essas funções, no ano 2000.