O investidor americano Jim Chanos é um dos nomes mais conhecidos dentro das operações de venda a descoberto (short seller). Uma de suas operações mais conhecidas – e lucrativas – envolveu o colapso das ações da companhia de energia Enron, nos anos de 2000 e 2001.
Vinte anos depois, o fundador e CEO do fundo de hedge Kynikos Associates segue apostando contra muitas ondas do mercado. E já tem, ao que tudo indica, um novo alvo: as Special Purpose Acquisition Companies (SPACs), as chamadas empresas de cheque em branco.
Essa visão nada positiva a respeito das SPACs ficou clara em reportagem publicada pelo jornal britânico Financial Times, na qual ele ressalta que o boom das SPACs trará uma “lição muito cara” aos investidores, dado que a corrida para abrir capital por meio desse modelo está criando “castelos no céu”.
Ele observou que, por meio da Kynikos Associatens, está apostando contra várias SPACs, cujos negócios são muito ruins e cujas avaliações “ficaram estúpidas”. E, sem citar nomes, acusou algumas dessas empresa de “brincarem com suas projeções”.
“Você está vendo todos os tipos de situações agora que provavelmente não seriam aprovadas em um processo de IPO e que estão se tornando públicas por meio da máquina das SPACs“, afirmou Chanos.
Ele acrescentou: “À medida que o boom continua, suspeito que mais e mais empresas estão jogando, rápido e solto, com suas projeções, a fim de atrair investidores a comprometer capital”.
Um dos casos recentes de empresas que recorreram a esse formato e que podem ilustrar esse contexto é a americana Lordstown Motors.
Fabricante de caminhões elétricos, a companhia alertou neste mês que pode ficar sem recursos, mesmo tendo declarado que tinha dinheiro suficiente para fabricar seu principal modelo.
Segundo a consultoria americana Refinitiy, as SPACs captaram US$ 100 bilhões globalmente no acumulado deste ano, por meio de 370 listagens. No momento, mais de 400 empresas de cheque em branco estão buscando companhias para comprar.