Os resultados financeiros da Totvs divulgados nesta semana mostram que o básico ainda funciona para a empresa comandada pelo Dennis Herszkowicz. A alta de mais de 30% no faturamento e no lucro da companhia foi guiada pelo bom e velho arroz e feijão de sempre.

Nos resultados financeiros do quarto trimestre, a Totvs reportou receita líquida de R$ 920,6 milhões, alta de 33,5% em relação ao mesmo trimestre de 2020. O lucro líquido da operação cresceu num percentual parecido: 30,9%, com R$ 125,8 milhões entrando nos cofres da empresa nos últimos três meses do ano passado.

Já nos resultados que contemplam o último ano fiscal da Totvs, a receita ficou em R$ 3,2 bilhões, 25,5% maior do que a registrada em 2020. O lucro líquido foi de R$ 368,4 milhões, 26,8% a mais do que no período anterior.

O que chama a atenção nos resultados financeiros é a composição dos números, que mostram que a Totvs ainda tira a maior parte de seu dinheiro com o que melhor sabe fazer: gestão empresarial.

Da receita líquida total do ano passado, mais de 86,5% do faturamento veio das operações de gestão, que englobam soluções de ERP e RH, por exemplo. As fatias das áreas de Business Performance, que tem soluções de vendas, marketing digital e experiência do cliente, e Techfin, de serviços financeiros, corresponderam a 4,9% e 8,6% respectivamente.

A meta é aumentar esses percentuais. Na área de Techfin, a Totvs firmou em 2021 uma joint venture com a B3 para criar a Dimensa, que fornece infraestrutura para o mercado financeiro e já nasceu com um cheque de R$ 600 milhões da bolsa de valores brasileira.

O dinheiro já começou a ser usado. Em janeiro deste ano, a empresa comprou a startup InovaMind Tech por R$ 23,5 milhões. Dias depois, no começo de fevereiro, a Dimensa acertou a compra da desenvolvedora de aplicativos financeiros Mobile2You por R$ 26,9 milhões.

“A Dimensa está evoluindo numa velocidade alta. Mais rápido do que imaginávamos, o que é positivo. Esperamos que a companhia faça outras transações e aumente o porfólio”, disse Herszkowicz, em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, 17 de fevereiro. Segundo ele, os recursos que a Dimensa possui para fazer fusões e aquisições vêm de “bolsos separados” dos da Totvs.

A Totvs, que captou R$ 1,44 bilhão em um follow on no ano passado, deve usar esse dinheiro para comprar novos negócios em techfin, como fez em 2019 quando desembolsou R$ 455 milhões na Supplier, fintech de crédito B2B.

Já em relação a divisão Business Performance, o esforço mais notório foi feito com a aquisição da RD Station, empresa de automação de marketing digital, por R$ 1,8 bilhão.

Herszkowicz destacou na conversa com analisas do mercado financeiro que ainda não houve uma integração propriamente dita da RD Station com a Totvs. Quando isso acontecer, a tendência é de que a divisão de Business Performance representa uma fatia maior nos resultados finais.

O Bank of America (BofA) destacou que a Totvs “obteve resultados maiores do que os esperado, especialmente na receita recorrente do segmento de gestão, com crescimento de 24% entre um ano e outro”. A expectativa do Bank of America era de crescimento na casa de 20,5% para o índice.

O BofA ainda ressaltou em seu relatório sobre Totvs que a companhia é uma das principais apostas na América Latina e pode triplicar de tamanho nos próximos anos.

A análise do BTG Pactual foi na mesma linha destacando que o negócio principal da empresa está crescendo bem e há “grandes perspectivas em serviços financeiros”. A companhia também foi descrita como “um nome defensivo para investidores que buscam proteção contra o aumento da inflação e potencial deterioração da atividade econômica”.

Avaliada em quase R$ 20 bilhões, a Totvs já acumula alta de mais de 28% nas ações desde o começo do ano. Nesta quinta, no primeiro pregão após a divulgação dos resultados financeiros, as ações estão sendo negociadas com alta superior a 6%.